É jornalista
Somos brasileiros. Das mais variadas profissões e setores, imbuídos na luta de progredir em nosso País, que há de retomar o rumo do crescimento. Diante das crises econômica, política e moral que assolam o País, cabe a nós, cidadãos, oferecer nosso empenho pessoal e profissional para virar o jogo. Só fortalecendo nossa cidadania, poderemos garantir nosso próprio futuro como nação.
A expansão de direitos de cidadania teve avanços na última década no País, não há dúvida. O aumento do poder aquisitivo contribuiu diretamente para esta conquista. O recente relatório Prosperidade compartilhada e erradicação da pobreza na América Latina e Caribe, publicado pelo Banco Mundial no primeiro semestre, revela que, nos últimos 20 anos, cerca de 60% dos brasileiros subiram de classe econômica e o Brasil está próximo de erradicar a pobreza extrema. Ainda assim, 18 milhões de brasileiros vivem na pobreza e um terço da população não tem condições econômicas para viver condignamente – sem emprego e formação necessária para melhorar sua condição.
O Brasil está menos desigual, mas o abismo é imenso. Boa parte de sua população enfrenta as consequências e uma economia frágil, amargando a perspectiva de uma crise prolongada. Ainda segundo o estudo, a desigualdade no Brasil está acima da registrada na América Latina e Caribe. Cerca de 1% da classe mais rica recebe 13% da renda total do País.
O principal entrave para o processo de redução de desigualdade está na educação. O Brasil ficou na 60.ª posição no ranking mundial de educação, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia avaliados 76 países ¬ ¬por meio do desempenho de alunos de 15 anos em testes de Ciências e Matemática. A performance de nossos jovens ainda está distante da média dos países-membros.
É fato que quanto melhor o padrão educacional de uma nação, maior o seu crescimento econômico. Não à toa, países com escassez de recursos naturais investiram alto no desenvolvimento intelectual da população e hoje despontam como líderes em inovação e conhecimento.
A educação é também pedra fundamental para a expansão da cidadania e formação do pensamento crítico de um povo. Se a tão sonhada revolução educacional caminha a passos lentos, cabe ao brasileiro traçar o seu caminho. Tenho orgulho de assistir a empresas investindo em capacitação, ONGs agindo paralelamente na tentativa de mudar essa realidade. Ressalto os nomes de líderes comprometidos com as transformações sociais no Brasil em diversas áreas, como Jorge Paulo Lemann, com a fundação que leva seu nome, e Luiz Seabra, por meio do seu Instituto Natura. São dois exemplos de uma extensa lista de brasileiros com sucesso em seus empreendimentos e com olhar para o futuro. Mas há milhares de exemplos individuais de superação.
É urgente que Brasil conquiste o equilíbrio entre o desenvolvimento da cidadania e a cidadania do desenvolvimento. Não faremos isso olhando números econômicos, mas trabalhando e cobrando do poder público seu dever para com os direitos dos cidadãos. Somos brasileiros. E nossa causa é a construção do progresso do País.