Meteorologista da Squitter Soluções em Monitoramento Ambiental
Muito se tem ouvido falar que estamos sobre influência do fenômeno El Niño e que este ano deverá apresentar uma intensidade recorde. Mas a final, o que isso significa? O que a sociedade em geral tem com isso? O que fazer para se "proteger" em uma situação destas? Essas e diversas outras perguntas nos são direcionadas todos os dias, por sermos meteorologistas de um sistema de alerta de eventos adversos de tempo.
À medida que a imprensa começa a veicular essas informações, a população que já sofreu com enchentes, deslizamentos e enxurradas começa a se apavorar e a procurar mais informações além de tentar se proteger.
O fenômeno El Niño trata-se de um aquecimento anômalo das águas superficiais e subsuperficiais do Oceano Pacífico Equatorial, que associado ao enfraquecimento dos ventos alísios, provoca mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, resultando em modificação nos padrões de transporte de umidade, e por consequência na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas.
No Sul do Brasil, estudos apontam para um aumento no número de eventos extremos de chuva, em especial nos meses de primavera do ano de início do fenômeno e no inverno do ano posterior. Ao mesmo tempo em que chove mais no Sul, o Nordeste do Brasil passa a apresentar falta de chuva.
Mas é nesse ponto que devemos nos atentar, pois há uma tendência ou possibilidade aumentada de incremento da chuva e isso não quer dizer que vai chover mais. Em situações como essa, a população deve ficar mais atenta à previsão do tempo diária, pois são nessas que conseguimos indicar a possibilidade ou não de ocorrência de chuva extrema e de problemas que possam ser causados por estas. São as previsões de médio e curto prazo (de cinco a três dias) além das previsões de curtíssimo prazo baseadas no monitoramento contínuo do tempo.
Além disso, sempre alertamos os órgãos competentes para que, diante da previsão de um período com possibilidade de chuvas acima da normalidade, serviços como limpezas de bueiros, desassoreamento de rios e ribeirões e conscientização da população quanto à forma correta de descartar seu lixo doméstico, se tornem atitudes de extrema importância para estarmos mais bem preparados para o caso de ocorrerem volumes elevados de chuva.
Portanto, a meteorologia e nós dos sistemas de alerta fazemos a nossa parte ao mesmo tempo em que os órgãos responsáveis e a população fazem as suas. Atuando em conjunto, certamente conseguiremos diminuir os impactos/efeitos de eventos mais adversos de tempo.