Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM
As maiores construtoras do Brasil estão na jaula da operação Lava Jato. Exatamente as 10 maiores, todas envolvidas. E agora, como ficarão as vitais obras da infraestrutura, logística, portos, rodovias, coisa fundamental para um agronegócio que entra num ciclo de diminuição dos preços das commodities internacionais?
Os custos lavoura/porto no Brasil, em 2003, custavam 20 dólares a tonelada para os grãos soja e milho, enquanto nos Estados Unidos ficavam na ordem de 15 dólares a tonelada e na Argentina 14. Passados 10 anos, hoje o custo lavoura/porto no Brasil representa 92 dólares a tonelada, enquanto nos Estados Unidos 23, e na Argentina 20 dólares a mesma tonelada.
Quer dizer, somos aproximadamente quatro vezes mais caros, da porteira das fazendas para frente, comparado aos nossos maiores competidores globais. Representa dizer que, perante uma queda de preços da soja, de 13 dólares o bushel, para 10/11, começamos a entrar em zonas de grandes dificuldades, para uma boa parte dos produtores nacionais.
Isso associado a outros fatores, incontroláveis para os agricultores, com um aumento de 74% no custo de produção como um todo, de 2009 para 2014, com mais 95% no aumento do custo dos insumos, incluindo diesel; e os custos fixos operacionais e administrativos crescendo outros 47%. Os cenários ficam obscuros para a safra 2014/2015.
Só vai sobrar produtor com produtividade elevada e gestão sustentável. Nessa hora, o custo da infraestrutura pesa pesado e derruba muita gente, e o país. Significa desperdício.
Então, e agora Dilma? Quem vai construir se os presidentes das 10 maiores construtoras brasileiras estão presos? Pergunto, por que só os chantageados, os que pagaram as propinas estão na cadeia, e os que receberam? Não os intermediários? Mas os destinatários finais de toda essa petrorobalheira? Esses sim já deveriam estar na cadeia, pois pelo menos os outros sabem construir, e os últimos apenas destruir.
Nossa infraestrutura para o agronegócio não vai rodar em 2015.