Presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp
Muito lúcido o recém-divulgado estudo Visão do Brasil 2030, realizado com a participação de empresas e economistas de reconhecida competência e credibilidade, que indica os caminhos e desafios a serem vencidos para que se cumpra a meta de duplicar a renda per capita dos brasileiros nos próximos 15 anos. Os diagnósticos do trabalho são precisos quanto ao esgotamento do modelo de crescimento apenas pelo viés do crédito e do consumo e no tocante à necessidade de reduzir a burocracia, aumentar investimentos, solucionar o gargalo da infraestrutura, realizar a reforma tributária, desonerar os encargos trabalhistas e pautar o crescimento pelos parâmetros da sustentabilidade.
Todos esses pontos têm sido indicados e defendidos pelos setores produtivos ao longo dos últimos anos, com ênfase após o Brasil ingressar numa fase de expansão muito baixa do PIB, que se seguiu ao sucesso inicial no enfrentamento da crise econômica internacional desencadeada em 2008. Cabe acrescentar, porém, que toda agenda relativa à ascensão de renda da população precisa contemplar o fortalecimento e competitividade da indústria. A fragilidade atual nesse quesito pode comprometer as metas da Visão do Brasil, mesmo que se cumpram com sucesso as demais medidas.
Tal conclusão fica muito clara em estudo anterior, realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e também com dados de distintos setores da entidade. O relatório aponta que, dentre as nações mais relevantes em termos de renda, produção e população, as que conseguiram alcançar o desenvolvimento apresentaram, no mínimo, 20% de participação da manufatura no PIB. Aqui, esse índice era de apenas 13% em 2012. No entanto, o “Custo Brasil” (composto por carga tributária, burocracia, capital de giro, energia/matéria-prima e infraestrutura/logística), somado à política monetária dissociada da realidade mundial, é um grave obstáculo: fabricar aqui é no mínimo 34,2% mais caro do que nos países com os quais concorremos.
Sem duvida, a produtividade da indústria, o aporte de capital e os investimentos em tecnologia poderiam ser estimulados a partir das medidas e reformas sugeridas pela Visão do Brasil 2030 e os setores produtivos do País, pois tudo começa no redespertar do espírito empreendedor. Investir também significa correr riscos, mas os empresários mostram-se mais céticos ante incertezas e mudanças de cenários. Por isso, são prementes providências para resgatar a confiança e delinear cenários mais propícios e confiáveis para os negócios.
Com medidas práticas e estratégicas, o Brasil saltaria da posição de país de renda média para o patamar de nação desenvolvida, que alcançaria com inteligência e uma dose de responsável ousadia. O País teve avanços importantes nos últimos anos, como a redução da pobreza e mitigação das desigualdades, como também demonstra a Visão Brasil 2030. Também é positiva a maneira como enfrentamos e resistimos à crise mundial, com medidas anticíclicas que foram eficientes. Porém, o modelo esgotou-se.
Agora, é preciso ir além, com política fiscal mais transparente, resgate da competitividade industrial e sinalização de um cenário definido e claro para o estímulo do empreendedorismo e dos investimentos. Por isso, é importante que cada candidato à Presidência da República saiba ouvir os especialistas, os empresários e os trabalhadores, promovendo as mudanças necessárias no próximo governo.