Quinta, 18 Abril 2024

Adilson Unisanta* Engenheiro, professor universitário (Unisanta) e escritor - membro da Academia Santista de Letras

Brasil - Uma brevíssima história da industrialização

Não é diferente na China que, em curtíssimo espaço de tempo, graças à criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), sobretudo nas proximidades de suas instalações portuárias, tornou-se um dos maiores exportadores de produtos manufaturados do mundo, posicionando 7 (sete) de seus portos entre os que mais movimentam contêineres no planeta.

As ZEEs chinesas tiveram e têm importante papel na criação de empregos - embora dentro de um modelo trabalhista que jamais seria aceito pelo sindicalismo laboral brasileiro –, na atração de investimento e empresas internacionais, e na transferência de tecnologia, que agora evoluiu para o desenvolvimento.

Enquanto o Brasil vem perdendo progressivamente sua participação na produção industrial mundial, a China ganha cada vez mais destaque no setor, produzindo cada vez mais rápido, melhor e mais barato.

Para quem leu o livro de Morris West ou assistiu o filme "As Sandálias do Pescador" (EUA, 1968), o desafio chinês continua sendo manter o controle social, tendo a economia como fator de apaziguamento, além de um exército de mais de 2 milhões de militares ativos e um poder de dissuasão interno e externo formidável.

O fato é que a China, de certa forma, saiu da “idade da pedra” para a condição de reprodutora de tecnologias importadas, por engenharia reversa; para tornar-se produtora de patentes e potência em inovação e pesquisa científica, altamente competitiva no comércio internacional, também favorecida, reiterando, pelo baixo custo da mão de obra fartamente disponível no país mais populoso do mundo.

Lá, não há disputas deletérias pelo poder, o que seria ótimo, exceto pelo fato de ser uma ditadura, baseada em rígido controle social, mediante doutrinação massiva desde a infância; e das mídias, em geral. Crimes de corrupção são punidos com pena de morte ou prisão perpétua, e abrangem políticos, dirigentes e funcionários. Vai propor isso no Brasil... Só não bradam mais “O Livro Vermelho” de Mao Tsé-Tung ou usam os uniformes dos tempos da “Revolução Cultural”.

As ZEEs tiveram e têm papel primordial nesse processo de transição da China para um modelo capitalista híbrido, "de Estado", onde os empreendimentos estratégias são planejados e executados praticamente sem nenhuma restrição ambiental, ao contrário do que acontece no Brasil, e com um poderio militar dissuasor/agressor que lhe permite refutar qualquer ameaça de retaliação econômica.

De certa forma, as grandes corporações ocidentais receberam bastante bem o modelo econômico chinês, também aplicado em outros países asiáticos com governos similares, como o Vietnam. Afinal: “O dinheiro não tem pátria”, tanto que alguns investidores não se importam em “quebrar” a economia de países, com direito a convulsões sociais, fome e guerras civis, apenas para obterem lucro. Já não pensam o mesmo em relação ao modelo político. Negociam com ditaduras, mas não querem ser controlados por elas.

Mas a China tem uma plano mais ambicioso, conhecido como “Nova Rota da Seda”, que inclui investimentos de trilhões de dólares na implantação de infraestrutura e logística em vários países, com o objetivo de favorecer o escoamento suas exportações e assegurar seu suprimento de necessidades alimentares e de matérias primas. Ao que parece, não se trata apenas de investir, mas de assumir o controle desses ativos e sistemas, mesmo em outros países, o que pode implicar, de certa forma, na perda de soberania nacional sobre esses empreendimentos e áreas.

Se os investimentos feitos pelo BNDES para viabilizar obras no exterior tivessem esse tipo de "garantia", talvez o Brasil ficasse menos susceptível aos calotes atuais, previsíveis, aliás, considerando os destinatários dos financiamentos.

A diferença é que a estratégia chinesa tem viés econômico, que traveste um certo neocolonialismo. O "canto de sereia" ouvido por inconsequentes e/ou corruptos ajuda muito nesse processo.

Reconheça-se que a ZEE chinesa guarda muita semelhança com as Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) brasileiras, regime aduaneiro especial criado por meio do Decreto-Lei nº 2.452/1988. Ambas focam em produção de alta tecnologia, com foco em exportações.

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