Sylvio Mode*
A humanidade vivenciou importantes revoluções – tais como a Francesa, que instituiu os conceitos de democracia que vigoram na maior parte das sociedades atuais; e a Industrial, que inovou os modos de produção e de trabalho. Elas mexeram com a História e transformaram o modo como as pessoas viviam e se relacionavam. Podemos afirmar hoje que somos privilegiados por estarmos vivendo um novo momento revolucionário, propiciado pelas transformações que a inovação tecnológica tem provocado em nossa sociedade.
Soluções que eram projetadas no passado como devaneios da ficção fazem parte de nosso dia a dia. A Revolução Digital está mexendo com a forma com que nos comunicamos, nos relacionamos socialmente, como estudamos, nos divertimos e, especialmente, trabalhamos.
Tarefas muito complexas – que demandavam grandes esforços, intrincado planejamento, mobilização de inúmeras pessoas, coordenação e execução muitas vezes intuitivas e raramente eficientes – hoje são realizadas com o apoio eficaz de soluções tecnológicas que otimizam o tempo de realização, geram economia de materiais, reduzem custos, melhoram a produtividade e multiplicam fatores como eficiência e resultados.
Um dos exemplos de solução que tem transformado significativamente o setor da construção civil é o que convencionou-se chamar de BIM (Building Information Modeling, ou Modelagem da Informação da Construção). Trata-se de uma metodologia inteligente que integra softwares, hardwares e profissionais envolvidos nos empreendimentos, permitindo uma gestão eficiente das construções e redundando em uma redução de custos, que bate na casa dos 30% em alguns casos.
Ao recorrer ao BIM – sistema que permite vislumbrar os projetos como um todo –, os gestores de obras ganham muito mais eficiência, já que sua utilização facilita a indicação das necessidades exatas de materiais demandados a cada construção, as melhores soluções técnicas para atender às necessidades dos projetos e integra em um ambiente digital todos os setores envolvidos, desde os projetistas, passando pelos responsáveis por compras e engenheiros que trabalham na execução do plano. Tudo isso somado gera agilidade, redução de intercorrências e tempo gasto, especialmente, corte de custos e de desperdícios de materiais e recursos.
É sabido também que vivemos um momento em que a economia de recursos – sejam eles financeiros, estruturais ou ambientais – é um dos princípios basilares da atividade humana responsável. Desta forma, toda solução que contribua para minimizar os efeitos de práticas sabidamente impactantes ao ambiente deve ser valorizada e amplamente utilizada.
A utilização de sistemas BIM por empresas da construção civil e projetistas vem sendo a cada dia mais comum, promovendo ganhos de eficiência significativos. Aqui vale destacar que, ao final do mês de agosto deste ano, o governo federal reinstituiu oficialmente o Comitê Gestor da Estratégia do BIM, que terá a responsabilidade de deliberar sobre a implementação de ações para que, até 2021, determinadas obras públicas adotem obrigatoriamente o BIM em seu desenvolvimento.
Independentemente da nova regulação que demandará a utilização do BIM em projetos de obras públicas, essa solução tecnológica já possui reconhecimento público sobre sua eficiência e contribuição para melhorar a indústria da construção civil. Hoje, o BIM já é utilizado no Brasil, especialmente por grandes companhias do setor, e é crescente seu aproveitamento por players de menor porte do mercado.
Não há dúvidas de que a existência humana está sendo mais uma vez transformada por uma revolução. Aproveitar o que de melhor a Revolução Tecnológica tem a contribuir para a sustentabilidade de nossa sociedade é, portanto, uma decisão inteligente e que tende a propiciar a todos as melhores e mais responsáveis experiências. Isso vale para a construção civil, para outros segmentos econômicos e para toda a humanidade. Transformar, nesse sentido, é, sem dúvida, sinônimo de melhorar.
* Sylvio Mode é diretor geral da Autodesk Brasil