Sexta, 22 Novembro 2024

Felipe Leonard*

Vivemos em um contexto econômico desafiador, no qual mudanças estruturais são fundamentais para que o Brasil volte a entrar no trilho do desenvolvimento. Quanto maior o número de players, mais benefícios para o consumidor final e para toda a sociedade.

É preciso garantir taxas mais atraentes para que os investimentos retornem. Só que o custo Brasil ainda é um grande entrave para a nossa economia. Segundo um recente estudo publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil está em último lugar no ranking da disponibilidade e custo de capital, em comparação com dezessete países de economia similar. Foram analisados os números da Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Espanha, Indonésia, Índia, Coreia do Sul, México, Peru, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia e África do Sul.

O resultado, pasmem, é que o Brasil tem a mais alta taxa de juros real de curto prazo, de todos esses países. Em 2018, essa taxa foi de 8,8% ao ano, o que nos coloca 68% acima do 17º colocado -- a Rússia --, que cobra 5,2% ano.

Os obstáculos para as organizações no País são muitos. Para começar, provar a viabilidade de um projeto é um processo complicado, por aqui. Enfrentamos uma carga tributária que beira o irracional, além de um custo laboral gigante, somado a dificuldades crônicas para se conseguir crédito.

Nosso sistema de tributos é o retrato de um enorme desequilíbrio entre Estado e sociedade. Para completar, a experiência prática comprova a tese do economista Arthur Laffer, criador da “curva de Laffer”. Conforme o estudioso, a partir de certo ponto, a maior alíquota do imposto tem como resultado uma menor arrecadação. Simplesmente porque, quando não há incentivo, o investimento, e consequentemente a Produção, desabam porque o risco de não haver retorno financeiro se torna muito alto. Nesse cenário, o impulso por sonegar também é enorme. Passa a ser a única ferramenta de sobrevivência das pequenas e médias empresas, que não alcançam economia de escala para serem competitivas e não têm acesso a tecnologias inovadoras, que poderiam aumentar drasticamente a sua produtividade.

O atual regime de tributação brasileiro apresenta problemas que geram distorções e ineficiências na economia. Dentre eles, temos a “Guerra Fiscal” entre estados e municípios, o elevado custo de apuração dos impostos e a falta de estabilidade jurídica para as empresas.

O relatório Doing Business do Banco Mundial aponta o Brasil como 184º colocado em um ranking de 190 países que apura a facilidade no pagamento de tributos. Como reflexo, uma empresa brasileira leva em média 1.958 horas por ano para saldar seus impostos, o que é doze vezes superior à média dos 36 países membros da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica Europeia) e seis vezes superior à média dos países da América Latina.

Paralelamente, o Brasil atual opera com déficit fiscal e tem grandes dificuldades para fazer com que seu Legislativo aprove as medidas necessárias para ordenar as contas públicas e melhorar o ambiente de negócios.

Para atrair investimentos internacionais, é fundamental que haja confiança e solidez de longo prazo. Quando não temos um cenário econômico favorável, convive-se com um spread maior, que vai garantir a rentabilidade nos tempos bons para poder sobreviver nos ruins. E nós bem sabemos que os países mal administrados oscilam entre ciclos de crescimento e quedas acentuadas, em comparação a economias mais bem conduzidas.

Estamos em fase de recuperação cíclica e o governo atual têm uma agenda liberal e pró-mercado. É o momento de colocar a casa em ordem. A tarefa é difícil e complexa, porém mais do que necessária. Implica em pôr em dia as contas públicas, reduzir impostos e burocracias e ter firmeza para combater a insegurança trabalhista e fiscal.

Nenhuma “sociedade” prospera em clima de incerteza e desconfiança, e menos ainda quando existe confrontação e litígio permanente.

Devemos acelerar a agenda das reformas para o PIB brasileiro voltar a crescer de forma vigorosa e ininterrupta. A Reforma Tributária tende a melhorar a atração para investimentos em projetos de geração de renda. Para além disso, toda a sociedade se beneficia também com o crescimento de fintechs, por exemplo, que seguramente, aumenta a concorrência para a concessão de empréstimos no sistema bancário, destravando o crédito para todo o mercado e, inclusive, para o cidadão comum.

É com medidas assim que teremos um ambiente de negócios mais promissor e atraente para a chegada de novos players. É assim que vamos acelerar a retomada da produção e reduzir o desemprego. E, também, que vamos ganhar fôlego para tocar nossas operações e impulsionar um Brasil mais sustentável.

Felipe Leonard
* CEO e presidente da S.I.N. Implant System

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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