A conjuntura sindical negativa, que impõe uma estratégia defensiva de resistência, não recomenda que se abaixem as bandeiras do movimento com ilusões disparatadas.
A defensiva é diferente da capitulação ou da debandada e mesmo o recuo (ou evacuação como no famoso discurso de Churchill sobre a retirada de Dunquerque) não pode ser visto como fator de vitória.
São tempi duri, como dizem os italianos, em que o nosso lado é bombardeado por más notícias e assediado por rumores e especulações pessimistas.
A pauta econômica do governo, que tem com um dos fundamentos a depreciação do trabalho e a desvalorização do movimento sindical, encontra eco e apoio no empresariado e na mídia grande e provoca nas redes sociais uma algaravia que nos confunde.
Passa a existir a tentação de trocar a resistência pela “participação” em que esta última significa apenas a aceitação das premissas afirmadas pelos adversários.
Está em curso no Congresso Nacional uma vasta operação ideológica na qual, ao mesmo tempo em que se continua a votação da deforma da Previdência, se articula a difícil deforma tributária e se prepara a votação da MP 881 – anarquizante das relações de trabalho – surgem propostas de reorganização da estrutura sindical com implantação de uma pluralidade anárquica (o trabalhador escolherá o sindicato a que quer pertencer, que será aceito pelo patronato e privilegiado nas negociações; o resultado delas valerá apenas para os filiados ao sindicato, ao qual incumbirá também a busca de recursos para sua existência).
Por enquanto são rumores e plantações que não se concretizarão em votações até que o Congresso enfrente os temas previdenciários e tributários e a MP 881.
Ao movimento sindical e às suas lideranças compete resistir, mantendo vivos os símbolos de sua existência que darão força à sua unidade e à coesão com a base dos trabalhadores formais sem invencionices diversionistas que nos afastarão delas e não nos colocarão em melhores posições frente aos nossos adversários.
* É analista político e consultor sindical