Sexta, 22 Novembro 2024

Bruno Merlin é redator e jornalista especializado nos temas logístico, portuário e de infraestrutura. Graduado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), há dez anos colabora com o Portogente, além de publicar reportagens em outros veículos como Folha de S. Paulo, SBT/VTV e Revista Textilia. É sócio da Gávea Comunicação Inteligente e assessor de Comunicação da Interface Engenharia Aduaneira. Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Não há desenvolvimento de uma sociedade e melhora nos índices de educação, saúde e segurança (conforme clamou a população brasileira neste processo eleitoral) que não envolvam maciços investimentos financeiros e humanos em ciência, pesquisa e inovação. Trata-se de um problema crônico da gestão pública e, principalmente, da gestão privada nas universidades. Afinal, o estudo “Pesquisa no Brasil - Um relatório para a CAPES” aponta que a produção científica brasileira é feita quase exclusivamente dentro das instituições públicas de ensino. É, assim, um desafio para cada um dos habitantes deste território, e não apenas da classe política.

Há iniciativas isoladas de pesquisas de reconhecida qualidade no Brasil. Mas a distribuição delas é muito desigual. Podemos pegar o caso da Matemática. Em janeiro deste ano de 2018, o País teve aprovada a inclusão ao Grupo 5 da União Matemática Internacional. O Grupo reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática e conta com outros dez integrantes, todos eles da elite econômica mundial: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

A aprovação ao Brasil é um prêmio à sofrida classe científica brasileira. São milhares de pesquisadores trabalhando para criar produções de qualidade nas principais universidades públicas do Brasil - e muitos deles, infelizmente, produzindo no exterior. No entanto, o acesso a essas universidades é uma missão espinhosa para milhões de habitantes das classes sociais mais pobres, de regiões menos desenvolvidas e com menor acesso à informação.

Enquanto a pesquisa matemática nas universidades brasileiras é bem vista ao redor do mundo, o precário ensino da disciplina nos ensinos fundamental e médio compromete a formação de cidadãos. A constatação não é minha, é do Programme for International Student Assessment (PISA). Na avaliação publicada em dezembro de 2016, 70,3% dos estudantes foram considerados abaixo do nível 2, "o mínimo necessário para que o aluno possa exercer plenamente sua cidadania".

Há, portanto, profissionais de gabarito, programas de qualidade e centros de pesquisa de excelência no Brasil. O que, todavia, ainda é muito pouco diante da desigualdade geral, "de tudo mesmo", que impera no País. Entre os resultados das incoerências brasileiras estão péssima distribuição de renda, desmotivação nos estudos - e dos professores -, atração de jovens para organizações criminosas, baixas taxas de inovação e saúde precária.

Deixo abaixo alguns links que comprovam os índices destacados neste texto, o primeiro de uma série sobre as incoerências e desigualdades que aprofundam a falta de competitividade do Brasil e a pobreza da maioria dos brasileiros. Eu não tenho e nem poderia ter a intenção de aprofundar o tema em uma só publicação. Conto com a colaboração dos colegas para disseminar o assunto e em prol de um mundo melhor e mais plural.

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