Quinta, 28 Março 2024

Danny Braz é engenheiro civil e consultor internacional com foco em construções verdes

Que as novas gerações têm uma preocupação maior com o meio ambiente, isso já não é novidade. Os adultos de hoje cresceram em meio a movimentos sociais e culturais que incentivavam a valorização do verde, assim como a busca pelo belo. Faz parte de quem eles são, e está incutido na educação que passam a seus filhos. As gerações mais novas tendem a valorizar esses aspectos ainda mais. Há uma mudança de mentalidade entre os mais velhos, e um pensamento já enraizado em quem começa a jornada agora.

Ao contrário do que muitas vezes parece, essa é uma mudança que começou bem lá atrás. Nos anos 1960, as coisas já começavam a mudar não só socialmente, mas, sobretudo, por necessidades práticas. Com o tempo, a maior parte da população começou a migrar de residências para edifícios. Seguiu-se a isso uma busca por espaço para mais prédios, o que os fez começar a diminuir o tamanho das moradias. Os apartamentos e salas comerciais ficaram bem mais apertados, sem um espaço fundamental: o de relaxamento.

Há no ser humano a necessidade de ter um ambiente relaxante, belo, tranquilo e onde até o ar seja mais limpo. Esses locais ajudam na lida com estresse e permitem a prática de atividades físicas. Foi por conta dessa necessidade, que jardins dentro dos condomínios começaram a ficar tão populares. Com a vida agitada que se desenvolveu, não havia espaço, ou mesmo tempo, para se ter um jardim em casa.

Apesar disso, a necessidade de caminhar, relaxar, manter a qualidade de vida em meio a uma beleza natural, nunca abandonou o ser humano. E os jardins compartilhados, dentro desses condomínios, passaram a atender perfeitamente a essas necessidades. As próprias construtoras, que antigamente colocavam lojinhas nos terraços de prédios comerciais, começaram a perceber que o lucro era irrisório, mas que jardins belos e bem planejados ampliavam os valores dos imóveis de 10 a 20%, agregando valor na venda do metro quadrado. As pessoas valorizavam esse tipo de edifício, onde o verde tem espaço.

Prédios ícone da cidade de São Paulo, como o Edifício Matarazzo, a WTorre Morumbi, as EZ Towers e o Hospital Sírio Libanês, por exemplo, são tidos como referências. Em Saigon, no Vietnã, o projeto Diamond Lotus, está unindo todos os edifícios que compõem o condomínio através de um imenso jardim suspenso no terraço, permitindo inclusive locomoção das pessoas entre as torres, através do jardim. A tendência é mundial.

Outras iniciativas também surgiram em residências, como o uso de telhados verdes. Eles são coberturas de vegetação especialmente arquitetadas sobre lajes ou coberturas. Já em prédios públicos ou antigos, paredões sem janelas foram usados para abrigar imensos jardins verticais. Em São Paulo, por exemplo, desde 2015 é permitido que construtoras, que desmataram alguma região, utilizem a construção de jardins verticais como uma compensação ambiental. Elas atendem à pedidos de moradores, que solicitam gratuitamente pela prefeitura que seus prédios abriguem um desses jardins.

Sem dúvida, há uma mudança progressiva de comportamento e pensamento. Soma-se a isso uma tendência a compartilhar, típica dos últimos anos, e já não é necessário que hajam jardins em cada casa. O importante é que haja bem estar e beleza - e o compartilhamento é muito mais vantajoso. Gasta-se muito pouco em manutenção. O investimento é das empresas e/ou construtoras. São toneladas de poluentes filtrados pelas plantas, gerando oxigênio para milhares de pessoas por dia - sem contar o resfriamento de temperaturas internas dos ambientes, o que traz a melhora da sensação térmica e gera uma redução de gastos com ar condicionado.

Contudo, é preciso escolher as plantas certas para cada local. A beleza é fundamental, uma base neutra com toques de cor e variedade de floração fazem parte do que traz o bem estar. Além disso, no aspecto prático, as plantas precisam ser resistentes ao sol, demandar pouca manutenção e não precisar ser trocadas com constância.

Um dos aspectos mais importantes é a irrigação. Sistemas manuais demandam mão de obra e gastos com contas de água caríssimas que podem inviabilizar projetos. Isso mostra a importância de sistemas de irrigação automáticos que se utilizam de água de chuva. Eles captam água, armazenam em reservatórios, irrigam cada planta com a quantidade exata de água para cada uma, quase não precisam de manutenção e ainda garantem reservas para períodos de estiagem. Sistemas assim possibilitam até oito meses sem usar água de reservatórios públicos.

A inteligência dos sistemas permite manter os jardins sempre belos, saudáveis e com economia de água. É evidente que melhorar a qualidade de vida é uma necessidade humana. Buscamos consciente e inconscientemente a beleza. O paisagismo compartilhado não é mais uma tendência, é a realidade do modo de pensar de uma geração inteira, que tende a se intensificar ainda mais com as que virão.

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