Quarta, 14 Mai 2025

O escritor e cineasta Saul Landau, coautor de um relato do assassinato do político chileno Orlando Letelier em Washington e ganhador de um prêmio Emmy, morreu aos 77 anos, informou sua família nesta quarta-feira (11). Landau morreu na segunda-feira em sua casa em Alameda, na Califórnia (EUA), em consequência de um câncer de bexiga, indicou sua filha Valerie Landau, citada pela imprensa local.

 

Com mais de 40 filmes e 14 livros no currículo, o diretor deixou inacabado seu último projeto, um documentário sobre a homofobia em Cuba.

No início da década de 1970, enquanto as notícias sobre tortura eram negadas pelo governo brasileiro, coube a dois cineastas americanos levarem a informação para o mundo: Saul Landau e Haskell Wexler foram para o Chile e pediram para que refugiados brasileiros narrassem e também recriassem os métodos de tortura que a ditadura aplicava nos pesos políticos. O resultado, o documentário “Brazil: A report on torture” (“Brasil: um relato da tortura”), tornou-se assim um registro histórico do período, inclusive com imagens de nomes como Frei Tito e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, dois guerrilheiros que se suicidaram anos depois.

O filme foi um dos primeiros feitos por Landau, então com 35 anos. Enquanto seu parceiro, Wexler, já era um respeitado diretor de fotografia e continuou sua carreira em Hollywood — ele tem dois Oscars no currículo, por “Quem tem medo de Virginia Woolf” (1966) e “Esta terra é minha” (1976) —, o californiano Landau construiu uma trajetória de documentarista e jornalista voltado para questões políticas. Quando rodou “Brazil: A report on torture”, por exemplo, ele estava no Chile com o objetivo de rodar um documentário sobre Salvador Allende, até ser informado de que um grupo de ativistas brasileiros, que pouco antes haviam sido libertados da prisão em troca do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, estava no país.

O primeiro grande êxito de Landau no cinema foi o documentário "Fidel" (1968), no qual ele acompanha Fidel Castro durante uma semana em um percurso pelo interior de Cuba. Landau também produziu documentários sobre Jamaica, Síria, Iraque e Angola, enquanto, nos Estados Unidos, seu filme mais aclamado foi "Paul Jacobs and the Nuclear Gang" (1979), produzido junto ao cinematógrafo Haskel Wexler.

Em 1976, dois dos colaboradores de Landau, o ex-ministro das Relações Exteriores do Chile Orlando Letelier e a americana Ronni Moffit foram assassinados com uma bomba em Washington. Letelier tinha sido o embaixador chileno nos Estados Unidos no final do governo de Allende, e Ronni era sua assistente.
Landau, em colaboração com um jornalista do jornal "The Washington Post", escreveu o livro "Assassination on Embasy Row", no qual ele vincula esse ataque aos agentes do regime militar chileno liderado pelo general Augusto Pinochet.

Fontes: G1 e O Globo

 

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