Brasília 247 - Com a volta ao trabalho dos servidores técnicos administrativos das universidades federais, e dos professores de nove, das 59 instituições federais de ensino superior, a greve dessas categorias pode bater de frente com um paredão, caso continue. O governo já aplicou na Lei de Orçamento Anual (LOA) ao Congresso Nacional os reajustes oferecidos as duas categorias, ou seja, reajustes de 25 a 40% para os professores, e de 15,8 para os técnicos. Depois disso, estará impedido, legalmente, de qualquer ação.
O ministro Aloizio Mercadante, da Educação tem dialogado no governo, no sentido de evitar o desconto dos dias parados e a proposta jurídica de ilegalidade da greve. Mercadante tem sustentado que os professores devem repor os dias parados, durante as férias de verão, como forma de minimizar os prejuízos sofridos pelos estudantes com a paralisação de quase três meses.
Neste sentido, o Ministério da Educação oficiou, por mais de uma vez, cada um dos reitores das 59 universidades para que consultem seus conselhos superiores e apresentem uma proposta oficial de reposição. Mercadante quer ter estes documentos para sustentar que ninguém será prejudicado: nem os professores, nem os alunos, nem o governo. É evidente que, depois de 31 de agosto, caso os professores não retomem as aulas, todos estes argumentos caem por terra.
Paralelamente, a ANDES - Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior -- protocolou no Ministério da Educação pedido para apresentação de uma contra-proposta a proposta do governo. O documento pede que, a cada degrau de progressão, os professores tenham ajuste de 4% - anteriormente, o percentual desejado era 5%. Segundo a presidenta do Andes-SN, a categoria também decidiu acatar o piso de início de carreira proposto pelo governo, de R$ 2 mil. "Antes, pleiteávamos R$ 2,5 mil, salário inicial considerado ideal pelo Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos]".
O movimento se explica pelo fato de a agremiação sindical ter optado por manter-se em silêncio durante as rodadas de negociação realizadas no Ministério do Planejamento, preferindo apostar na força do movimento grevista e, assim, em dobrar o governo.
Por sua vez, a administração da presidente Dilma Rousseff reitera que o tempo de negociar já passou. Está claro que as lideranças sindicais querem retomar o diálogo. Na quarta-feira 22, elas tentaram interferir neste sentido na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, mas não obtiveram êxito.
A contra-proposta do ANDES aumenta o impacto dos reajustes salariais para mais de R$ 10 bilhões, rejeita a progressão por titulação e ainda sustenta a progressão dos aposentados. O governo havia anunciado que o valor máximo a ser investido era de R$ 4,2 bilhões, em três anos, e que não abriria mão da carreira por titulação.
Como o ANDES preferiu o confronto com o governo e outro sindicato, o PROIFES, acatou a proposta do governo, gerou-se, agora, um problema de representatividade na base. No processo de consulta à categoria, o governo acredita que os grevistas manipularam as assembléias, convocando sobretudo professores iniciantes e aposentados. Tal convicção se baseia na informação de que quando consultados por plebiscitos, 75% da categoria revelaram-se a favor da proposta e pelo fim da greve.
Com a volta ao trabalho dos servidores técnicos administrativos na segunda-feira 27, e com a aprovação manifesta em nove universidades federais, a expectativa oficial é de retomada gradual das atividades acadêmicas.
Fonte: Brasil 247