O Banco de Portugal prevê uma “evolução favorável” das exportações de turismo este ano, mas sem especificar, conforme consta do seu Boletim de Verão divulgado hoje, no qual, apesar de ter atenuado a estimativa de queda do PIB, mantém perspectivas sombrias quanto ao consumo privado e ao desemprego, que são indicadores determinantes do enquadramento das vendas de turismo no mercado doméstico.
Diz o banco central que “a evolução projectada para a economia portuguesa em 2012-2013 é caracterizada pela continuação de uma queda muito acentuada da procura interna, com um contributo para o crescimento do PIB de -6,6 e -1,4 pontos percentuais em 2012 e 2013, respectivamente”.
O banco central especifica ainda que “a redução acumulada da procura interna projectada para o período 2011-2013 ascende a cerca de 14 por cento e é generalizada a todas as suas componentes, as quais deverão apresentar contracções muito significativas em 2012 e progressivamente mais moderadas ao longo de 2013”.
Ainda segundo a mesma informação, o banco central antecipa “uma redução muito acentuada do consumo privado, de 5,6% por cento em 2012 e 1,3 cento em 2013, depois de uma redução de 4,0 por centro em 2011”.
“Esta evolução reflecte, em larga medida, o impacto de medidas de consolidação orçamental, nomeadamente ao nível das remunerações no sector público, das prestações sociais e da carga fiscal, bem como a redução das remunerações no sector privado, num contexto de queda acentuada do emprego e de aumento significativo do desemprego”, prossegue o documento, que deixa assim um sinal de que as vendas de turismo no mercado doméstico vão ter uma conjuntura muito desfavorável, se bem que no primeiro semestre a evolução do consumo privado “surpreendeu” o banco central com “uma evolução menos desfavorável do que tinha sido projectado”.
As novas previsões do Banco de Portugal apontam para uma queda do PIB em 3% este ano, quando no Boletim da Primavera antecipava um decréscimo em 3,4%, e uma estagnação em 2013”.
Para a menor queda em 2012, contribui designadamente uma queda menos acentuada do consumo privado (-5,6% face a -7,3% previstos no Boletim da Primavera.
A única referência que o Banco de Portugal faz ao turismo em Portugal é precisamente para indicar que antecipa uma “evolução favorável” das exportações, ou seja, para os gastos em Portugal de turistas estrangeiros.
“A actividade no sector dos serviços em 2012 deverá acentuar a queda registada em 2011, não obstante a evolução favorável projectada para as exportações de turismo, e recuperar ligeiramente em 2013, num contexto de deterioração menos acentuada da procura interna”, é o que diz o Boletim.
Outra “boa notícia” das novas previsões do Banco de Portugal diz respeito ao preço do petróleo, que está fortemente relacionado com a maior rubrica de custos do transporte aéreo, que é o meio mais utilizado pelos turistas em viagens internacionais.
O Banco de Portugal indicou que trabalha com um preço médio do petróleo este ano de 107,4 dólares (84,3 euros), que compara com 111 dólares (79,7 euros) em 2011 e com 119,6 dólares (90,2 euros) que era apontado para este ano no Boletim da Primavera.
E idêntica tendência transparece nas indicações do preço do petróleo para 2013, com a nova previsão a ser de um valor médio anual de 96,6 dólares (77,4 euros), quando no Boletim da Primavera era perspectivado 113,8 dólares (85,6 euros).
O reverso da medalha é que a queda do euro face ao dólar, que penaliza quem é da Zona Euro e quer viajar para países terceiros, mas favorece as visitas de turistas destes países aos destinos da ‘Eurolândia’ como Portugal.
De um valor médio de 1,39 dólares por euro em 2011, o Banco de Portugal coloca o câmbio médio este ano em 1,27 (1,33 no Boletim da Primavera) e 1,25 em 2013 (1,33 anteriormente).
Fonte: Presstur