Passeio de barco sobre o encontro dos rios Negro e Solimões é um dos grandes atrativos.
O encontro do rio Negro com o rio Solimões impressiona. Por uma extensão de pouco mais de cinco quilômetros, os dois rios correm lado a lado sem se misturar, é um dos fenômenos mais conhecidos da região. Quando se juntam, formam o maior rio do mundo: o Amazonas.
A observação é feita a olho nu. De um lado, a cor barrenta do rio Solimões. Do outro, a cor escura do rio Negro. A melhor forma de apreciar essa bela cena da natureza é flutuando. Em Manaus, diversas embarcações fazem o trajeto diariamente. O turismo hidroviário é característico porquepelas hidroviasacontece a maior parte do transporte na região, de cargas ou de passageiros.
Com saídas do píer do hotel Tropical, o trajeto pelo rio Negro até o chamado Encontro das Águas leva cerca de duas horas e se destaca pela riqueza da natureza e pelas curiosidades contadas pelos guias. “É uma oportunidade única para conhecer os caminhos da floresta, que de outra forma seria muito mais difícil. É um sonho isso de o barco permitir que a gente conheça aquilo que aprendemos na escola, sobre as plantas e os animais dessa região. O encontro das águas é lindo”, contou à Agência CNT de Notícias, durante o passeio, a funcionária pública do Rio de Janeiro, Sandra Gabra.
No caminho, os guias reforçam que, antes de mais nada, é preciso saber os motivos que tornam esse fenômeno possível: a diferença das temperaturas, das densidades e das velocidades das águas.
O rio Negro, com uma temperatura de 22º C, corre a uma velocidade de 2 km/h, enquanto o Solimões possui temperatura de 28ºC, com seus 4 a 6 km/h. Além disso, a acidez do rio Negro é bastante superior à do Solimões, o que também influencia na quantidade de insetos neles. É interessante observar que eles praticamente não existem nas margens do Negro, mas há um enorme número no Solimões. A variedade de espécies de peixes também varia: no Negro, há cerca de 400. No Solimões, 1.200.
Até chegar ao encontro das águas, e também no retorno dele, algumas experiências interessantes. Primeiro, passar por debaixo da única ponte, de 3,5 quilômetros, que atravessa o trecho brasileiro do rio Negro. Ela liga Manaus ao município de Iranduba. Até o ano passado, quando foi inaugurada, as pessoas tinham que atravessar o rio em barcos. Se a única opção era fazer o percurso em cerca de 40 minutos, hoje é possível atravessar de um lado ao outro em apenas seis minutos, o que facilitou o transporte na região.
Também são atrativos no percurso as inúmeras embarcações; vilarejos de pescadores, com casas presas por madeiras em áreas alagadiças – chamadas palafitas – ou as moradias flutuantes, que ficam amarradas em árvores para não serem levadas pela correnteza.
A parada em um restaurante e em uma loja de artesanato flutuantes é uma pausa no percurso que, depois dali, segue, em canoa motorizada, para dentro dos igarapés (braço de rio dentro da floresta) e igapós (trecho da floresta inundada), na linguagem indígena. No Lago do Janauari, é possível observar a fauna e a flora, com destaque para a grande quantidade de Vitórias Régias, que podem alcançar até dois metros de diâmetro.
Avolta para o píer do hotel Tropical é tranquila e também oferece um belo visual. Os turistas podem observar as luzes do início do pôr do sol refletidas no rio Negro. Se derem sorte, têm direito à parada em um posto de gasolina para abastecer o barco, algo bastante incomum para quem mora nos grandes centros urbanos.
“O passeio é maravilhoso, bastante seguro. Fiquei impressionada com o tamanho dos barcos e a boa infraestrutura para o transporte, além desses postos de combustíveis dentro do rio. As casas flutuantes são muito curiosas, com energia elétrica e até antena parabólica! É um choque de cultura”, disse a professora da Universidade Católica de Pernambuco, Liana Filgueira Albuquerque.
A sensação que fica, após colocar os pés em terra firme novamente, é a vontade de entrar em outros barcos para explorar melhor os caminhos dos rios.
Saiba mais
O turismo aquaviário é uma importante oportunidade de trabalho para muitos moradores da região amazônica. Para chegar à maioria das cidades do estado do Amazonas, a opção predominante é via rios, pela falta de estradas e aeroportos.
Saindo de Manaus, é possível chegar a cidades como Parintins, famosa terra do boi no estado, Belém e Santarém (Pará), municípios da Colômbia e Peru, entre outros.
Em 2011, segundo o anuário estatístico da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), existiam 1.063 empresas autorizadas a realizar o transporte de cargas na região amazônica; 68 para o transporte de passageiros e 28 para travessias pelos rios.
De Manaus (AM), Aerton Guimarães
Fonte: Agência CNT de Notícias