Um projeto de US$ 5 bilhões saiu do telhado. Depois de uma reestruturação, a mineradora Ferrous, novata na exploração de minério de ferro no país, vai investir US$ 1,2 bilhão na conclusão das obras da mina de Viga, em Congonhas (MG), para atingir 5 milhões de toneladas de minério já no ano que vem. Em 2012, essa mina chega a uma produção de 1,5 milhões de toneladas e o total da companhia será de 3,2 milhões de toneladas com a operação de Esperança, em Brumadinho e Santanense, em Itatiaiuçu.
“Com o novo plano de negócios, a empresa não precisa de capital externo. Para esses investimentos temos recursos em caixa e o restante vamos atrás de financiamentos. É um planejamento muito mais adequado á realidade do mercado", disse o presidente da Ferrous, Jayme Nicolato. Ele que veio para a empresa este ano e já tem experiência no setor desde 1992, quando ainda era funcionário da então Vale do Rio Doce. A sua última casa foi a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), onde cuidava do projeto da mina da Casa de Pedra, vizinha da mina Viga da Ferrous.
Projeto integrado
Em 2010 a companhia tentou atrair investidores para tirar o projeto integrado, - mina, mineroduto e porto - do papel. Mas diante da retração do mercado os recursos necessários não vieram, o que levou a companhia a avaliar o programa. Na verdade, a Ferrous agora “coloca o pé aonde a mão alcança”.
Sem dinheiro necessário, os sócios, entre eles cinco fundos de investimentos e duas famílias tradicionais no setor em Minas Gerais, os Parreiras, na figura de Iracy Parreiras e Ronaro Correa, decidiram postergar o projeto da construção do mineroduto e do porto e se concentrar na operação da mina de Viga. “Vamos anunciar novos investimentos assim que concluirmos todos os estudos e obtivermos todas as licenças para operação. Enquanto isso vamos usar a ferrovia da MRS Logística, que passa ao lado da mina e a exportação pelo porto do Rio.O mineroduto e o porto em Presidente Kennedy, no Espírito Santo, entrará em operação em 2020”, disse Nicolato. Neste ano, a Ferrous terá uma produção total de 35 milhões de toneladas por ano.
Hoje, a empresa já tem as licenças prévias de operação concedidas pelo Ibama para a implantação do mineroduto e do porto, o terminal aliás já recebeu também a autorização da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) para a construção de um terminal próprio.
“A empresa hoje tem seis minas, cinco no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, e uma na Bahia. Destes, duas estãoemoperação, Viga e Esperança,emBrumadinho. Orestante estamos aguardando a liberação das licenças e a conclusão dos estudos para iniciarmos a exploração”, explicou.
Recursos de US$ 3 bi
Para colocar todas os projetos emandamento a Ferrous vai precisar de cerca de US$ 3,2 bilhões para a produção total de 40 milhões de toneladas, isso utilizando o preço da tonelada a US$ 80.
A companhia, segundo Nicolato, tem em caixa hoje US$ 200 milhões e atingiu uma receita de cerca de US$ 300 milhões no ano passado. Para 2012, a expectativa é fechar com um faturamento de US$ 500 milhões.
“Somos uma empresa com um Ebitda positivo.Onosso projeto, de chegar a 5 milhões de toneladas/ ano, se financia com a nossa produção”, disse. “Vamos decidir no segundo semestre de 2013 qual caminho vamos seguir, se a abertura de capital ou novo sócio para a conclusão da integração mina e porto, por dutos. E as outras minas assim que tivermos tudo concluído vamos ao mercado para financiamento", disse Nicolato.
A mina de Jacuípe na Bahia no município de Coração de Maria, aliás, segundo o executivo, pode ser um ativo que entre na lista de venda da Ferrous.
Nicolato explicou que lá não há uma solução logística como nas outras minas da companhia. “Não há uma ferrovia com capacidade para o transporte de minério perto. Com isso, teremos detransportar o minério extraído de caminhão até o porto de Aratu. É umativo que temos de avaliar”, disse o executivo.
Fonte: Brasil Econômico