Quinta, 23 Janeiro 2025

Minas 247 – Embora seja responsável por grande parte do desmatamento da Mata Atlântica, nenhuma proposta com soluções para a questão foi discutida envolvendo cidades mineiras. Cidades do Norte e Vale do Jequitinhonha aparecem como as que mais tiveram perdas no Brasil.

Confira a matéria do jornalista Amilcar Brumano, do jornal Hoje em Dia

RIO – Estado brasileiro com a maior extensão de Mata Atlântica perdida entre 2010 e 2011, Minas Gerais foi ignorada na Rio+20, durante o debate sobre o uso sustentável do bioma, realizado neste sábado (16) governamentais, órgãos do governo federal e programas preservacionistas debateram as ações necessárias para evitar o desmatamento e gerar renda para a população a partir da floresta de pé. Porém, nenhuma proposta concreta de iniciativas voltadas para municípios mineiros foi apresentada ou discutida.

Segundo levantamento divulgado no fim de maio pela Fundação SOS Mata Atlântica, no período de um ano o Brasil perdeu 13,3 mil hectares do bioma e Minas foi responsável por 6,3 mil hectares. Cinco municípios mineiros estão entre os 11 no país que mais tiveram perdas, todos nas regiões Norte e Vale do Jequitinhonha e Mucuri. O principal motivo seria o corte de floresta nativa para a fabricação de carvão vegetal e a agropecuária.

Os debatedores chegaram à conclusão de que é preciso fomentar atividades econômicas que não destruam a Mata Atlântica e ainda ajudem a preservá-la, tendo como parceiros as comunidades e fazendeiros que vivem no âmbito do bioma. O desafio é encontrar o que o mercado quer comprar. “O entrave é a comercialização. Estamos tentando apoiar a criação de cooperativas e estimular o acesso às políticas do governo”, diz um dos coordenadores do programa Mercado Mata Atlântica, Marcelo Mendes.

Secretário-executivo do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Pedro Castro destaca que faltam investimentos e capacitação técnica para proprietários de terra que queiram trabalhar com a produção de sementes e mudas de vegetação típica do bioma. Além disso, o mercado não está organizado no sentido de exprimir a demanda necessária. “Precisamos de uma cadeia produtiva estruturada. O mercado tem que se programar, definir qual a quantidade de mudas e sementes vai precisar e em quanto tempo, para que os produtores possam se planejar. Sem esse planejamento, nem conseguimos financiamento junto aos bancos, pois eles querem garantias”, afirma. “É preciso mapear as tendências e necessidades de cada região”, completa.

Foi apresentado como exemplo de preservação que está dando certo o programa realizado com comunidades no Vale do Ribeira, entre São Paulo e Paraná. Lá, as comunidades foram capacitadas para usar os insumos retirados da floresta, sem derrubá-la.

A coordenadora-geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica, Ivy Wiens, culpa a falta de clareza no mapa dos biomas do IBGE, que não define precisamente o que é ou não Mata Atlântica, pela situação vivida em Minas. Segundo o MMA, o mapa tem resolução baixa, escala de 1:5.000.000, mas um com melhor definição, escala de 1:1.000.000 está sendo elaborado. Ainda assim, essa resolução não é suficiente para precisar os biomas. Isso significa, segundo Ivy, que florestas podem estar sendo derrubadas porque não se tem o conhecimento exato de que são Mata Atlântica.

Questionado pelo Hoje em Dia, o diretor de Florestas do MMA, Fernando Tapagibe, disse que o Norte de Minas está sendo observado e que uma parceria entre o ministério e três universidades (Unimontes, UFMG e Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri) foi firmada para estudar soluções para a região.

Por telefone, o secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, Gil Pereira, também questiona o mapeamento do IBGE. Ele defende a necessidade de se desmatar algumas áreas para a implantação de projetos que levem o desenvolvimento para a região. “Tem área no que o mapa apontada como Mata Atlântica que não é”, diz. Ele também reclama da falta de investimentos na região em projetos como o realizado no Vale do Ribeira.

Já o assessor técnico do projeto Proteção da Mata Atlântica 2, do MMA, Armin Deitenbach, afirma que serão feitos cursos em Minas para as cidades elaborarem planos municipais de conservação e recuperação do bioma, em parceria com o Instituto Estadual de Florestas de Minas (IEF) e a Associação Mineira de Municípios (AMM). Ainda não há data para isso acontecer.

Fonte: Brasil 247

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