Quarta, 22 Janeiro 2025
“Está regularizada e restabelecida a importação da carne suína brasileira pela Argentina”. Com essas palavras, o embaixador da Argentina no Brasil, Luis Maria Kreckler, comunicou o fim do embargo argentino à carne suína brasileira ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho. A reunião ocorreu ontem, no Ministério da Agricultura, e contou ainda com a participação do cônsul argentino em São Paulo, Augustín Molin Arambarri.
 
Segundo o embaixador argentino, o secretário do Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, reuniu-se ontem com os importadores de carne suína para anunciar o restabelecimento da importação da carne suína brasileira. As barreiras foram impostas a partir de 1 de fevereiro deste ano. As vendas passaram a depender de autorizações para a entrada do produto, raramente liberadas. O Rio Grande do Sul foi o Estado mais prejudicado com as restrições, devido à maior importância que a Argentina tinha para as exportações gaúchas, que eram facilitadas devido à proximidade com o país vizinho.
 
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), com as barreiras as vendas para importadores argentinos caíram 56,88% em volume de janeiro a abril de 2012 em relação ao mesmo período de 2011, passando de 13.326 toneladas para 5.746 toneladas. Em faturamento, as exportações dos quatro primeiros meses do ano para a Argentina tiveram redução de 53,26% na mesma comparação, caindo de US$ 38,786 milhões para US$ 18,129 milhões.
 
No entanto, a reabertura do mercado argentino para os suínos brasileiros ainda é uma incógnita para as autoridades brasileiras e para a indústria local que trabalha com 25% a menos de sua capacidade por falta de matéria-prima brasileira. O presidente da Câmara Argentina da Indústria de Frios e Embutidos, Martín Gyldenfeldt, recebeu uma ligação telefônica do secretário Moreno para dizer que as importações de suínos tinham sido liberadas. Mas ele não teve a confirmação da aprovação de qualquer guia de importação. Sem a emissão das guias, a decisão não tem efeito prático.
 
Essas dúvidas também são compartilhadas pelos exportadores brasileiros. “Nossa expectativa é saber em quais condições será realizada essa reabertura”, comenta Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Produtos Suínos do Estado (Sips). Segundo o dirigente, o ideal seria o restabelecimento das condições anteriores às barreiras impostas em fevereiro. “Isso significa o atendimento da demanda normal argentina, que girava em torno de 3,6 mil toneladas por mês.”
 
Moreno fez dois acordos para regular o mercado de carne suína: um interno e outro com o governo do Brasil. No primeiro, o setor privado argentino se comprometeu a reduzir suas compras do Brasil em 20%, o que abriria espaço para a importação média mensal de 2,8 mil toneladas de carne e toucinho. Por esse acordo, fica proibida a importação de qualquer produto terminado (frios e embutidos).
 
O segundo acordo foi do próprio Moreno com o governo brasileiro, durante visita recente, ocasião em que afirmou que reabriria o mercado de suínos como “gesto de boa vontade”. Em troca, Moreno pediu a abertura brasileira para os cítricos, as uvas-passas e produtos farmacêuticos argentinos. “Em nenhum momento, ele falou de volumes. Pelo que temos visto até agora, no caso da carne não chegaria ao desejado pelo Brasil, entre 3 a 3,5 mil toneladas. Mas está tudo tão nebuloso, que não se sabe ao certo o que ele vai permitir ou não”, reconheceu a fonte diplomática.
 
Fonte: Jornal do Comércio
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