Quarta, 22 Janeiro 2025

Em mais uma leva de conversas gravadas pela Polícia Federal e vazadas para a imprensa, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aparece agora cobrando do ex-presidente do Detran de Goiás Edivaldo Cardoso o apoio à eleição do governador Marconi Perillo (PSDB). A verba seria destinada ao jornal O Estado de Goiás que, após a divulgação do escândalo, tem a sua circulação semanal ameaçada.
– Essa história tá quebrando meio mundo aqui em Goiás. Quem não conhece o Carlinhos Cachoeira aqui em Anápolis – reclama o diretor do jornal, Carlos Nogueira.
No diálogo, gravado com autorização judicial, o bicheiro e o homem de confiança do governador tucano discutem a quem leva quanto da verba publicitária destinada ao Detran. De acordo com Edivaldo Cardoso, o valor total era de R$ 1,6 milhão. Cachoeira lembra da participação que teve na campanha de Perillo e exige a maior fatia do bolo.
– Quem lutou e pôs o Marconi lá fomos nós – cobra Cachoeira.
A conversa foi gravada por um programa de escutas da PF em 2 de março do ano passado, logo no início do governo de Marconi Perillo, quando Cachoeira descobriu que um jornal de Anápolis, de oposição ao governador, receberia uma verba mais expressiva do que aquela guardada para o jornal dele, que, segundo a Operação Monte Carlo, está em nome de um laranja do bicheiro. Contrariado, Cachoeira diz que a partilha não está correta e deve ser revisada.
– Aquele jornal foi contra o Marconi – reclama o contraventor.
Na discussão, Cachoeira fala especificamente do Canal 5 de Anápolis, contratado para transmitir as sessões da Câmara Municipal e que tem como diretor Carlos Nogueira, o Butina, diretor da emissora.
– Posso provar que o jornal é meu, posso mandar todos os documentos agora – afirma Nogueira.
O bicheiro, no entanto, tido como o proprietário informal do jornal O Estado de Goiás, sai em defesa de seus investimentos:
— O jornal O Anápolis vai ganhar do Detran? Aquele jornal foi contra o Marconi o tempo inteiro. O Butina falou que viu (o documento) na mão do cara (do governo) — contesta Cachoeira.
Mas Cardoso nega que a informação seja verdadeira:
— Não viu, não. Eu fechei isso ontem. Tinha televisões (e outros jornais). Eu pedi para incluir o seu (jornal) lá — disse Edivaldo.
O então diretor do Detran complementa o diálogo, afirmando que o jornal de Cachoeira terá uma “atenção especial”. Ainda assim, de acordo com o diálogo gravado em 3’15″, o bicheiro cobra do ex-dirigente a fatia do leão sobre as cotas de publicidade e diz que a concorrência precisa ser contida.
– O nosso tem que ser muito mais. Quem lutou e pôs o Marconi lá fomos nós! – esbraveja Cachoeira.
Edivaldo Cardoso cede diante da pressão do contraventor e concorda com ele que a distribuição de verbas públicas de publicidade para os veículos da oposição “não se justifica”. Nesse momento, Cachoeira volta a cobrar o apoio ao governo goiano, durante a campanha.
– Parceiro só para conversa, não tem jeito. Você tem que nos mostrar em números – conclui o contraventor.

Fonte: Correio do Brasil

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