Volta e meia o pastor Silas Malafaia da igreja Assembleia de Deus se envolve com alguma polêmica em torno da temática da homossexualidade. A mais nova é uma ação do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, que entrou na última quinta (23) com uma ação para que o líder religioso se retrate por um discurso considerado homofóbico, feito em julho de 2011 no programa "Vitória em Cristo", exibido pela TV Bandeirantes em horário comprado.
Num discurso em que falava sobre a PLC 122/2006, proposta de lei que prevê a criminalização da homofobia, Malafaia fez uma comparação entre a Marcha para Jesus e a Parada Gay, que aconteceram em junho em São Paulo e afirmou: "Os caras na Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica e ninguém fala nada. É para a Igreja Católica ’entrar de pau’ em cima desses caras, sabe? ’Baixar o porrete’ em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha". Além disso, em seu discurso o pastor critica o uso de santos católicos durante a Parada Gay, sugerindo à Igreja Católica que processe os organizadores do evento.
O procurador Jefferson Aparecido Dias do MPF em São Paulo analisou e acatou uma ação da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), alegando que, mais do que expressar opinião, o discurso do pastor é de ódio e pede a retratação com duração de, no mínimo, o dobro do tempo utilizado nos comentários, além de pedir que o religioso não faça mais discursos que possam ser considerados homofóbicos. No processo, Aparecido argumenta que "as gírias ’entrar de pau’ e ’baixar o porrete’ têm claro conteúdo homofóbico, por incitar a violência em relação aos homossexuais".
Malafaia argumentou durante o inquérito que fez uma "crítica severa a determinadas atitudes de determinadas pessoas desse segmento social, acrescida também de reflexão e crítica sobre a ausência de posicionamento adequado por parte das pessoas atingidas" e alegou que as expressões questionadas pelo procurador querem dizer "formular críticas, tomar providências legais".
A TV Bandeirantes não quis se pronunciar.
Pressão – Como já é de costume, o procurador sofreu enorme pressão do segmento evangélico. Segundo Aparecido Dias, ele recebeu milhares de mensagens durante o inquérito, depois que Malafaia pediu aos fiéis da sua igreja que enviassem e-mails ao MPF. "Da mesma forma que seus seguidores atenderam prontamente o seu apelo para o envio de tais e-mails, o que poderá acontecer se eles decidirem, literalmente, "entrar de pau" ou "baixar o porrete" em homossexuais?", questiona o procurador.
Ao saber da decisão do MPF, Malafaia afirmou que a decisão é “absurda” e informou que não pretende se retratar, além de acusar o movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de manipular seu discurso. “Em hipótese alguma vou pedir retratação, pois isso é um absurdo. Os gays manipularam a minha fala para me incriminar, e sou eu que tenho de pedir retratação? Isto deve ser uma brincadeira”, declarou complementando que tal decisão mostra que querem “rasgar” a Constituição para beneficiar os homossexuais e que pretende “ir até as últimas consequências na Justiça”.
Ministério Público acusa o Pr. Malafaia de homofobia
- Detalhes
- Categoria: Notícias do dia
powered by social2s
Deixe sua opinião! Comente!