Terça, 21 Janeiro 2025

Fonte: Valor Econômico

Por Fábio Pupo | De São Paulo
Daniel%20Wainstein%2F%20Valor  Carlo Bottarelli, presidente da Triunfo Participações e Investimentos: "Cada grupo tinha um foco. O nosso era (arrematar) Viracopos"

Poucos minutos haviam se passado das 10 horas quando o primeiro envelope com propostas dos consórcios concorrentes do leilão de aeroportos foi aberto. O lance era da sociedade liderada pela Triunfo Participações e Investimentos, que com oferta de R$ 3,821 bilhões (ágio de 159%) arrematou a concessão do aeroporto de Viracopos - em Campinas (SP) - pelos próximos 30 anos. Com a vitória, a Triunfo - hoje com significativo endividamento - assumirá o compromisso de investir R$ 8,7 bilhões ao longo da concessão, sendo R$ 873 milhões em dois anos.

A parceira internacional do grupo é a Egis Airport Operation, nunca comentada no mercado como uma potencial integrante de consórcios concorrentes do leilão. Entre os aeroportos administrados atualmente pela Egis, estão os localizados na Costa do Marfim, no Gabão, no Chipre, no Congo e na Polinésia Francesa. Segundo o site da empresa na internet, a Egis tem a concessão de 11 aeroportos com movimentação de 13 milhões de passageiros ao ano no total.

O aeroporto de Viracopos, que chegou a ser considerado o segundo mais atrativo para o mercado e a "joia da coroa" do leilão na visão do governo, acabou tendo apenas quatro lances e valor final menor que o de Brasília. Pelo pouco interesse no terminal, o presidente do grupo chegou a ser questionado por jornalistas se não havia pagado demais pelo terminal. "Cada grupo tinha um foco. O nosso era esse [arrematar Viracopos]", disse o presidente da Triunfo, Carlo Botarelli, logo após o leilão.

Embora não tenha financiamento do BNDES, o pagamento da outorga é divido ao longo dos 30 anos de concessão. O que chama a atenção são os investimentos em melhorias para os terminais do aeroportos, que podem aumentar o grau de endividamento da empresa.

  

Na Triunfo, a relação dívida líquida sobre Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 3,32 ao final do terceiro trimestre (últimos dados disponíveis). O máximo dentre as concorrentes é o da CCR, com 2,3. Para analistas, 3,5 é o limite considerado saudável para companhias do setor de infraestrutura.

Em outubro de 2008, a Triunfo chegou a se classificar em primeiro lugar no leilão para concessão das rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto, no Estado de São Paulo, mas depois foi desabilitada por não depositar as garantias exigidas dentro do prazo. Segundo a empresa, a culpa foi da seguradora, que não cumpriu com seus compromissos.

A princípio, um projeto como Viracopos poderia aumentar ainda mais a alavancagem. Para a companhia, no entanto, não há motivos para preocupação. Isso porque o aeroporto já gera receita para o concessionário. Após 120 dias da assinatura do contrato, o grupo já assume o faturamento. Por isso, a receita do terminal seguraria grande aumento da alavancagem.

Mesmo assim, as ações da Triunfo foram penalizadas - a exemplo do que geralmente ocorre com companhias abertas após vencerem leilões de concessão. A variação chegou a ter queda de cerca de 5% durante a tarde, após o resultado. Acabaram fechando o dia em queda de 3,29%.

Atualmente, os planos da Triunfo partem do princípio que a geração forte de receita começará ao fim de 2013. É nessa época que começa a geração de energia da Usina Hidrelétrica Garibaldi (de 178 MW de capacidade), de concessão da Triunfo.

O aeroporto se soma a outro grande projeto da companhia, anunciada no fim do ano passado. Em uma estratégia agressiva, anunciou, em parceria com a América Latina Logística (ALL) e a Vetorial Mineração, a criação da Vetria Mineração. Essa nova empresa vai extrair, transportar e comercializar minério de ferro oriundo do Maciço do Urucum, em Corumbá (MS), até o porto de Santos (SP). Os investimentos estimados para colocar essa empresa em operação a partir de 2016 - integrando mina, ferrovia e porto - são de R$ 7,6 bilhões nesse período.

Além disso, a Triunfo tem três dos seus principais projetos em andamento. Por meio da subsidiária Maestra, a Triunfo pretende operar no setor de cabotagem. A Rio Canoas, uma das duas concessionárias hidrelétricas da empresa, ainda em construção, tem início de operações previsto para 2014. Segundo a companhia, já há 70% de energia assegurada vendida por um período de 30 anos.

A empresa ainda fez a aquisição de 189 hectares na região do Porto de Santos, onde pretende instalar um novo terminal portuário, o projeto Santa Rita. Ainda na fase de planejamento, o projeto obteve licença ambiental prévia (primeira de três necessárias para a operação).

A Triunfo foi a última companhia de capital aberto a fazer um posicionamento oficial sobre a disputa por aeroportos. Por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na quarta-feira, o grupo divulgou que havia firmado o termo de compromisso com a operadora francesa e com a UTC Participações (holding controladora da TEC Incorporações e Empreendimentos Imobiliários e UTC Engenharia).

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