Fonte: Valor Econômico
A indicação de Maria das Graças Silva Foster para a presidência da Petrobras no lugar de José Sérgio Gabrielli, que deixa a companhia no próximo dia 12, foi aplaudida por analistas e investidores. As ações da estatal dispararam ontem na bolsa, fechando o dia com os maiores ganhos entre todos os papéis que integram o Índice Bovespa.
Os papéis preferenciais (PN, sem voto) subiram 3,75%, a R$ 25,13, o maior nível desde abril de 2011. Já as ações ordinárias (ON, com voto) avançaram 3,60%, a R$ 27,30, cotação mais elevada desde 4 de maio do ano passado. No ano, as ON já subiram 19,73%, e as PN, 18,02%, batendo o Ibovespa (9,92%).
O forte perfil técnico e a proximidade com a presidente Dilma Rousseff são as principais qualidades da executiva, que hoje atua como diretora de gás e energia da estatal. Confirmada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a indicação deve ser aprovada em reunião de conselho da empresa.
Para o analista Lucas Brendler, da corretora Geração Futuro, a mudança pode compor um cenário de convergência de um período de exploração e estruturação de capital para uma fase mais focada no operacional. "A Petrobras conseguiu estruturar as contas, está com robustez de capital e agora precisa desenvolver os seus negócios", diz.
Ele não acredita que a imagem autoritária de Graça -como é conhecida a executiva - possa trazer receio aos acionistas. "Tratando-se da Petrobras, o que vai interessar é resultado".
O analista Luiz Otávio Broad, da corretora Ágora, espera que Graça procure incrementar a gestão da Petrobras. "Seu perfil rigoroso é muito importante. A Petrobras tem que ter uma pessoa com perfil de cobrança, administração de recursos e despesas", afirma Broad, ressaltando ser importante a presidência da Petrobras estar alinhada com o governo.
Para a Ativa Corretora, a mudança na Petrobras tem efeito neutro para o mercado. "A substituição já era parcialmente antecipada e não traz mudança relevante à gestão da empresa", diz a Ativa, em relatório. Analistas acreditam que a substituição mostra a preferência de Dilma por mulheres com perfil técnico para o comando de cargos-chave em seu governo.
Segundo um analista do setor de petróleo, que preferiu não ser identificado, a escolha de Graça Foster não surpreendeu, embora a saída de Gabrielli não fosse esperada neste momento. "Havia boatos de que ele estava em conversas com Jacques Wagner [governador da Bahia] para concorrer a algum cargo político, mas ninguém estava esperando a notícia agora", diz.
Ele, contudo, acredita que o governo administrou bem a transição. "O nome dela vem sendo testado desde o fim de 2010, de modo que, independentemente do ’timming’, o mercado não reagiria mal à notícia".
Ainda que os pontos positivos prevaleçam na análise de mercado, um analista que também preferiu não ser identificado apontou como ponto de preocupação com a nomeação da executiva um possível aumento das cobranças para que a estatal contrate fornecedores locais.