Fonte: Causa Operária Online
Diante das inúmeras agressões a estudantes por policiais militares na USP, vejamos o que os estudantes de direita da USP, que apoiam entusiasticamente o convênio com a Polícia Militar, pensam.
Uma das organizações de direita na instituição é a União Conservadora Cristã (UCC), cujos membros defendem como suas principais referências o fascista Olavo de Carvalho, o integralismo de Plínio Salgado e o pensamento de Plínio Correia de Oliveira, fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).
Vale a pena relembrar o que é a TFP, organização católica da classe média brasileira. Foi grande apoiadora do golpe militar e fornecia informações espontaneamente aos torturadores durante o regime militar. A organização teve sua origem ideológica no fascismo de Benito Mussolini.
Tais descrições fornecidas pelos próprios membros da organização fascista estudantil em entrevistas dá uma ideia de quem é a direita que atua na universidade.
Vejamos algumas das outras declarações da UCC. Celso Zanaro, 22 anos, estudante de Geografia da USP declarou: “Se negarmos com veemência a ditadura não estaremos fazendo nada a mais do que reforçar o discurso comunista. A ditadura foi necessária num contexto”.
Os projetos de fascistas ainda disseram: “(José) Serra é um sujeito que, embora tenha se aliado a setores conservadores e renegado uma postura mais virulenta de esquerda, não abandonou totalmente estas ideais”.
Ou seja, para esses setores o principal representante da direita no País hoje, que planejou uma série de privatizações em São Paulo, como continuidade das privatizações de FHC, que tem se destacado por reprimir as manifestações no Estado e que chegou a defender o fim do limite da jornada de trabalho, ainda é considerado ligeiramente esquerdista para essas pessoas.
A organização tem ligações com o próprio partido de Serra, que o procurou durante as eleições para o DCE, procurando estreitar relações. A UCC tem relações também com um grupo de skinheads. Relembraremos o panfleto lançado por eles durante a ocupação da reitoria em novembro, no qual assinam como CCC (Comando de Caça aos Comunistas).
Vale lembrar que o CCC surgiu na Universidade Mackenzie e entrou em confronto com a Faculdade de Filosofia, Letras e Humanas da USP (FFLCH), a mesma que os direitistas de hoje chamam de “FFLixo” (Seria uma mera coincidência?). O CCC em confronto com estudantes da FFLCH em 1968 atirou na cabeça de um estudante secundarista e outros três estudantes, no que ficou conhecido a Batalha da Maria Antônia.
No panfleto em questão, os integrantes do grupo defendem; “Atenção drogado! Se o convênio USP-PM acabar, nós que iremos patrulhar a Cidade Universitária” e colocam uma foto do jornalista Herzog assassinado pelos militares com a frase: “Suicídio é triste, né?”.
Não são apenas eles os saudosistas da ditadura; o próprio reitor-interventor que mandou a Polícia invadir a USP se refere ao período negro da história do País como “a revolução de 64”, ou seja, como os próprios militares defendiam.
Essa é a direita da USP. Todos os que fazem a campanha da imprensa capitalista (que é financiada pelo PSDB, que não deu nenhuma notícia sobre os grupos fascista na USP) a favor da presença da Polícia Militar no câmpus possuem a mesma ideologia reproduzia por esses grupos.
Outra organização como essas é a chapa Reação. Um de seus representantes, José Oswaldo Neto, amigo de Reinaldo Azevedo (o pseudo-jornalista da revista Veja, também seguidor ideológico do fascismo apesar de tentar disfarçá-lo por trás da palavra democracia), defendem nas redes sociais abertamente a privatização da USP.
Em um “comentário” seu recente José Oswaldo afirma que cães da polícia militar são “cidadãos brasileiros mais valiosos do que grevistas da USP”. Um alerta aos leitores: a baixa qualidade intelectual também é uma característica da direita.
Outro representante da chapa Reação é Flávio Morgenstern (financiado pelo PSDB, conforme admite em seu próprio blog). Morgenstern diz coisas do tipo: “Para mim está claro, claríssimo: A USP tem de ser privatizada” e “eu fiquei de saco cheio só em ver o vídeo, imaginem o PM, ali, fardado, ouvindo babaquices. Bem no fundo de minha primitividade (sic), torci para o PM voltar e encher todos de porrada. Mas o cara se conteve”.
São esses os grandes defensores da Polícia Militar na USP e essas são suas ideias para a universidade, por isso são financiados pelo PSDB (assim como a Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo, a Veja, o Rodas e a PM paulista) para contribuir com um grande negócio para a burguesia: a privatização da principal universidade pública do país.
A campanha que existe hoje em torno da militarização da USP é idêntica à campanha dos militares, que, efetivamente, colocaram soldados nas salas de aula da universidade e conseguiram privatizar parte do ensino público do País.