Fonte: Causa Operária Online
A diretoria da APEOESP (PT-PCdoB-PSTU-PSol) publicou no site da entidade um cartaz em que anuncia da forma mais cínica possível que 2011 foi "um ano de conquistas" ( confira em http://www.apeoesp.org.br/sistema/arquivos/14/arquivo/a-2011-conq-peq.jpg).
A "cara-de-pau" da burocracia parece não ter limites para fazer propaganda a favor da política do governo do PSDB contra o ensino público e contra os educadores.
Apoio ao arrocho salarial tucano
A diretoria tem a desfaçatez de apresentar como "conquista" e, portanto, elogiar o governo que teria atendido tal pleito, a "negociação salarial" e a “proposta de reajuste salarial” por meio da qual os tucanos impuseram à categoria, mais uma vez, uma política de roubo dos salários, não atendendo sequer um quarto da reivindicação da categoria de cerca de 37% de reposição de perdas passadas (aplicando minguados 8% depois de anos de salários congelados) e aplicando o golpe de pré-fixar os reajustes para os próximos anos,que não repõem as perdas passadas e que estarão muito abaixo da inflação que está em franca disparada.Isto significa que a burocracia apresenta como “conquista” a manutenção das perdas pelo governo e no plano de roubo dos salários que deve tirar da categoria cerca de 25% do seu combalido poder de compra no atual governo tucano. Onde estaria a conquista?
Essa posição da diretoria a favor da política de roubo dos salários dos professores não é uma novidade, a presidente "Bebel" (PT/Articulação), imediatamente após o anuncio do reajuste pelo governador, correu para elogiá-lo, dizendo que era "um bom começo"; posição que só foi "escondida" diante da revolta da categoria e pela proximidade das eleições para a diretoria, quando as duas chapas da diretoria (1 e 2) disfarçaram que estavam contra a proposta “negociada” com o governo do PSDB
Os mais de 200 mil professores que têm que viver exclusivamente do salário miserável salário pago pelo Estado que equivale à menos de um terço do que a categoria recebia cerca de três décadas atrás não vêm nesta situação conquista alguma, ao contrário da burocracia que desfruta de mordomias e privilégios oriundos dos quase R$ 60 milhões arrecadados da categoria.
Do lado do governo “fora da lei”
O cartaz da diretoria também apresenta como conquista a “Jornada da Lei do Piso:33% para atividades extraclasse”. Isso quando a Lei 11738 que reduz a jornada foi aprovada em 2008 e até o presente momento o governo tucano (junto com outros governos de 17 estados, incluindo alguns governados pelos partidos do governo Dilma como PT, PMDB etc.) continua afrontando a Lei e não estabelecendo a jornada reduzida de no máximo 2/3 de atividades com alunos e quando, em muitos estados, sequer é pago o piso miserável de R$ 1.178, inferior - segundo o DIEESE - ao que deveria ser o salário mínimo de qualquer trabalhador, mesmo sem qualificação, no Brasil.
A “comemoração” da “conquista” da APEOESP nesse caso é, neste momento, um dos maiores crimes da burocracia sindical, uma vez que diante da negativa do governo de cumprir a Lei esta deveria estar organizando uma campanha de denuncia do governo de preparação da categoria para uma grande mobilização, com greve pelo cumprimento da Lei. Ao contrário disso, “Bebel” publicou, há poucas semanas, nota afirmando que "não teremos alternativa senão recorrer ao Governador do Estado" e agora a burocracia apenas aplaude e comemora, enquanto o governo publicou a Resolução sobre a atribuição de aulas (89/2011) sem estabelecer qualquer alteração na jornada. O governo agradece.
Contra todos
A exaltação da burocracia de suas “conquistas” após um ano em que as condições de vida e de trabalho do professorado não parou de retroceder, chegando-se ao ponto do governo decretar a divisão das férias da categoria em dois períodos de 15 dias para ajustar o calendário da rede pública (de mais de 5 milhões de alunos) ao da rede privada (com menos de 2 milhões), quando o governo manteve a divisão da categoria em letras; continuou quebrando a isonomia salarial (salário igual para trabalho igual) da categoria com medidas como a famigerada “prova demérito”; manteve a quarentena dos professores da categoria ‘O’ apenas reduzindo-a temporariamente de 200 dias para 40 dias (o cartaz da diretoria mente à respeito) mostra que entre os professores e os “sindicalistas” da APEOESP existe um enorme abismo.
A burocracia de R$ 60 milhões terminou 2011 e começa 2012 feliz e satisfeita, comemorando “conquistas” supostamente obtidas junto ao governo do PSDB. No mundo real, no entanto, os professores começam o ano sem ter o que comemorar e tendo muito pelo que lutar.
O agravamento da crise (da qual toda a burocracia não fala apóia a política ilusória do governo de dizer que tudo vai bem) e os ataques do governo contra o ensino público, o descumprimento da Lei e o arrocho salarial estabelecem uma situação em que a categoria precisa – cada vez mais – desmascarar a fraude que a burocracia procura estabelecer em apoio à política do governo tucano e a necessária superação de sua política.
No próximo período, por certo, os professores vão sair à luta. Para que esta seja vitoriosa é necessário fortalecer a organização dos professores independente da burocracia e a superação desta criminosa política de colaboração dos sindicalistas com o governo do PSDB.