Fonte: Valor Econômico
Sindicatos de aeronautas e aeroviários estão novamente em queda de braço com as companhias aéreas por reajuste salarial. Sem acordo numa audiência preliminar no Tribunal Superior do Trabalho (TST), ontem, eles ameaçam entrar em greve quinta-feira, se as empresas insistirem no reajuste de 6,17%, que equivale à variação do INPC em 12 meses até dezembro, portanto sem aumento real.
Após o impasse na audiência comandada pela vice-presidente do TST, ministra Cristina Peduzzi, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) comunicou que cerca de 20% das atividades serão mantidas, caso as assembleias aprovem a paralisação.
O comunicado do sindicato foi divulgado após advertência da ministra, lembrando que o serviço de transporte aéreo é uma atividade essencial, e não pode ser totalmente paralisado em momento de pico na demanda de passageiros, como ocorre nesse período.
Com data-base em dezembro, o SNA, que representa os funcionários que trabalham no ar, como pilotos e comissários, e o Sindicato Nacional dos Aeroviários (pessoal de terra), pedem reajuste salarial de 13%. Reivindicam parte do lucro das empresas com o aumento no fluxo de passageiros.
Na audiência de conciliação, a ministra do TST chegou a propor redução do índice para algo em torno de 8%. Desceu para 7%. O advogado das duas categorias, Luiz Fernando Aragão, aceitou levar o reajuste menor para ser debatido pelas assembleias das categorias, desde que o vale-refeição e a cesta básica fossem aumentados em 10%.
Mas o representante do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), Odilon Junqueira, foi irredutível na proposta de reajuste de 6,17%. Ou seja, as empresas não concordaram em dar nada acima da variação da inflação do período.
Segundo Junqueira, as principais empresas aéreas que atuam no país, Gol e TAM, registraram prejuízos em balancetes mensais, ao longo deste ano. Ele rejeitou também argumento do TST para antecipação de lucros futuros das companhias aéreas com megaeventos turísticos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio, em 2016.
Junqueira afirmou que as principais empresas aéreas concederam aumentos reais de salários nos últimos cinco anos aos funcionários, mas que a situação deficitária de 2011 impede que isso se repita. Disse também que as companhias não querem "ficar reféns" da ameaça de greve dos aeronautas e aeroviários.
A ministra do TST afirmou ainda que, se deflagrada, a paralisação pode ser considerada ilegal, caso o tribunal seja provocado pelo Ministério Público.
Antes da audiência, que durou cerca de quatro horas, o presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, afirmou esperar acordo entre as partes, mas disse que estaria preparado para julgar em caso de impasse, uma vez que o dissídio coletivo já foi ajuizado.
"Estarei de plantão para tomar a decisão pertinente", comentou ele, durante a posse da nova ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que era integrante do TST.