Fonte: Valor Econômico
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que a rede pública de saúde terá de ser reforçada para atender os dependentes de drogas. A afirmação foi feita durante o lançamento, no Palácio do Planalto, de um programa que prevê diversas ações para o combate ao uso de crack e outras drogas.
"É uma política ampla, que passa pela saúde, passa pelo fato de que a rede pública de saúde vai ter de ser reforçada para atender as pessoas que têm não só problemas pontuais, mas que tenham crise de abstinência, dificuldade de lidar com o fato, coloquem a sua vida em risco, tenham comportamentos que afetem profundamente a família", discursou.
Dilma emendou, em seguida, com uma história sobre uma mulher que tinha um filho usuário de droga e não deixou claro se esse reforço passaria pela destinação de mais recursos para a saúde ou pela criação de um novo imposto para financiar o setor.
Em entrevista após a cerimônia, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, negou que seja necessária a criação de um novo tributo para destinar mais dinheiro para a saúde. "Nós conseguimos economizar R$ 1,2 bilhão nesses dez meses no Ministério da Saúde mudando a forma de compra de medicamentos, centralizando algumas aquisições, combatendo o desperdício, criando um cadastro nacional para registrar os estabelecimentos de saúde e as equipes de Saúde na Família. É esse esforço de aprimoramento da gestão e de economia que nos permite hoje ampliar fortemente os recursos para termos uma rede de saúde mental no país", disse.
O governo promete investir R$ 4 bilhões no programa, até 2014, em ações nos eixos de saúde, segurança e prevenção. Uma das principais iniciativas é a criação de uma rede especializada de atenção a dependentes de drogas, chamada de "Conte com a Gente", que receberá R$ 607,6 milhões para a abertura de 2.462 enfermarias especializadas em hospitais públicos.
Alexandre Padilha disse que a decisão do governo de criar esse plano de combate às drogas passa pelo reconhecimento de que o crack é, de fato, uma epidemia. "De 2003 a 2011, aumentou em dez vezes o número de atendimentos na saúde sobre situação de dependência química no nosso país." Dados do Ministério da Saúde informam que o número passou de 25 mil internações mensais para 250 mil neste ano.