Domingo, 19 Janeiro 2025

Fonte: Valor Econômico

Por Guy Dinmore e Giulia Sereti | Financial Times, de Roma

O governo de transição italiano, composto por tecnocratas não eleitos chefiados por Mario Monti, assumiu o poder ontem na Itália, a terceira maior economia da zona do euro, para aplauso dos líderes da União Europeia e ceticismo dos investidores.

Reconhecendo o peso da responsabilidade de sua gestão para com a zona do euro, Monti, de 68 anos, que é professor de economia, assumiu o encargo adicional de comandar o Ministério da Fazenda, num gabinete reduzido de 17 ministros.

Ele também nomeou Corrado Passera, presidente-executivo do Intesa Sanpaolo, o maior banco de varejo da Itália, como o titular de um superministério, que reúne indústria e infraestrutura, refletindo a ênfase do novo governo nas reformas destinadas a fortalecer a estagnada economia do país. "Acredito que tudo isso se traduzirá no abrandamento de parte das dificuldades do mercado referente ao nosso país", afirmou Monti ao prestar juramento.

O novo premiê já conseguiu considerável apoio da opinião pública italiana e um respaldo entusiasmado fora da Itália.

Angela Merkel - a premiê da Alemanha que enfrentou dificuldades particularmente grandes no trato com o ex-premiê Silvio Berlusconi, que deixa o poder no fim de semana - disse ter Monti em alta conta e estar ansiosa para conhecê-lo pessoalmente em breve.

"As próximas semanas serão decisivas", disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em carta endereçada a Monti. "Teremos êxito juntos. Estou convencido de que a implementação de novas medidas, que virão se juntar às já adotadas, restabelecerá a confiança e permitirá a volta da estabilidade e do crescimento."

Monti apresentará hoje ao Senado o programa econômico até agora não explicitado de seu governo. Espera-se que isso se repita amanhã na Câmara. O governo Monti ainda precisa ser aprovado pelas duas casas do Parlamento.

Pouco se duvida de qual será o resultado das votações, mas a recusa do partido Povo da Liberdade, de Berlusconi, de centro-direita, e do Partido Democrático, de centro-esquerda, de participar do ministério levantou dúvidas sobre a possibilidade de Monti conseguir aprovar medidas como o imposto sobre grandes fortunas e a reforma do sistema de aposentadoria. O partido de Berlusconi já se pronunciou contra impostos sobre fortunas e sobre imóveis.

Mas a advertência lançada por Berlusconi na semana passada, de que ele é capaz de "dar um basta", soa oca diante das pesquisas de opinião, que dão a Monti considerável apoio de uma opinião pública consciente de que são necessários "sacrifícios" e que está pronta para punir o bloco de centro-direita no caso de serem realizadas eleições.

Mesmo com a posse do novo governo da Itália, os rendimentos dos bônus de 10 anos, referenciais para o país, permaneceram pouco acima do nível crítico de 7%. O ágio que Roma paga em relação aos títulos semelhantes alemães para tomar empréstimos estava em 528 pontos-base, próximo aos recordes da era do euro. Outros mercados de bônus da zona do euro assistiram a uma venda em massa, mas mais branda que a de terça-feira, e à alta dos rendimentos dos bônus soberanos de França, Espanha e Bélgica.

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