Sábado, 18 Janeiro 2025

Fonte: APAEST

 

O acidente que matou uma pessoa, feriu mais de 50 e envolveu mais de 100 carros na rodovia dos Imigrantes, sentido Santos-São Paulo, no dia 15 de setembro último, poderia ter sido evitado. A avaliação é do presidente da Apaest, Celso Atienza, para quem incluir a Engenharia de Segurança no planejamento do projeto da rodovia é fundamental para prever situações excepcionais e para se ter um plano de monitoramento e ação. Acompanhe, a seguir, a entrevista de Atienza.

 

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Apaest – É realmente do nevoeiro a culpa pelo acidente do dia 15 na Imigrantes?

Celso Atienza – Não, a culpa não é do nevoeiro. O nevoeiro é uma condição climática, que é de conhecimento de todos. O que falta é um plano de ação de emergência para que as ações sejam implementadas durante o acontecimento. Então, se eu tivesse um sistema metereológico já identificaria com duas horas de antecedência o fenômeno e tomaria as devidas providências.

 

Apaest – Então, é um acidente que poderia ter sido evitado se fossem tomadas medidas de segurança.

Celso Atienza – Sem dúvida. O acidente já deveria ter sido previsto no projeto. A engenharia de segurança não foi incluída no planejamento para realizar o projeto. Então, o sistema de segurança da estrada está falho e temos inúmeras possibilidades de outras ocorrências, além do nevoeiro.

 

Apaest – Podemos dizer que foi um “acidente anunciado”.

Celso Atienza – A tragédia foi anunciada. Como não tem um sistema de monitoramento e plano de ação de emergência para atuar, segundo as informações tecnológicas que, no momento, não existem, então não se faz nada. Mas não se pode culpar o nevoeiro que veio de repente. O nevoeiro não vem de repente, ele vem numa alteração climática que tem de ser monitorada constantemente pelo tipo que é a Serra do Mar. Então, teríamos de ter outras tecnologias para serem implementadas. 

 

Apaest – A Engenharia de Segurança pode ser uma aliada na melhoria das condições de trafegabilidade das estradas?

Celso Atienza – O que se discute nesse Brasil é sempre a consequência. Então, pergunto: para que se paga um pedágio alto? Ele tem de dar retorno de melhor estrada. Nós não conhecemos esse plano de ação. Uma das medidas nessa situação de nevoeiro, por exemplo, é impedir o acesso dos caminhões. O caminhão precisa de uma distância muito grande para fazer a sua parada quando freia.

 

Apaest – Prestar um serviço com segurança, como no caso da Ecovias, é caro?

Celso Atienza – Não. O serviço não é caro ou barato. O problema é o retorno que isso dá e a preservação de vidas humanas.

 

Apaest – Então deve estar faltando cobrança por parte do governo do Estado?

Celso Atienza – Isso. Está faltando um planejamento para que se inclua a Engenharia de Segurança nos projetos.

 

Apaest – Hoje, o senhor avalia que o Sistema Anchieta-Imigrantes não oferece segurança?

Celso Atienza – Ele tem uma falsa segurança. Se tiver um tempo bom, o trânsito rápido, ele é um sistema que funciona. Agora eu diria que o sistema é vulnerável a situações excepcionais, que devem ser previstas. E isso é o trabalho da Engenharia de Segurança, prever, se antecipar aos riscos e não admitir que nada possa ocorrer de diferente.

 

Apaest – A Engenharia de Segurança trabalha com a prevenção.

Celso Atienza – Ela trabalha com a antecipação dos riscos. E a antecipação prevê monitoramento, porque temos três linhas de ação na Engenharia de Segurança: reconhecer o problema, avaliar a extensão do problema e controlar com medida de proteção coletiva os problemas encontrados. Todo sistema tem falha e nós precisamos saber quais são e ter um plano de emergência para atuar.

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