Sexta, 17 Janeiro 2025

As gerências de meio ambiente das unidades fabris da Ambev mantêm metas de captação de água, redução de consumo de energia e reciclagem de resíduos desde o final dos anos 1990. Para cumpri-las desenvolveram diferentes práticas ambientais que a empresa decidiu compartilhar com a criação de uma área de sustentabilidade. O trabalho evoluiu tanto que em 2010 o departamento se tornou pequeno para acompanhar a decisão da empresa de levar a experiência de sustentabilidade para fora dos muros e iniciar um movimento com a sociedade pela preservação da água.

A Ambev criou uma diretoria para comandar essas ações. O lançamento do "Movimento Cyan - Quem vê água enxerga seu valor" marcou não só o início da campanha como também o das atividades da nova diretoria de relações socioambientais, comandada por Ricardo Rolim.

A trajetória da área de sustentabilidade na Ambev segue tendência registrada em companhias de todos os setores. Ela ganha importância na estrutura organizacional e se transforma em peça chave, seja como diretoria ou gerência nacional, para conectar os negócios à responsabilidade socioambiental. "Sua principal atribuição é estabelecer um planejamento estratégico alinhado entre os departamentos, promover uma comunicação eficiente e a troca de melhores práticas, além de propor soluções e projetos", diz Rolim.

Os temas que ocupam o dia a dia do executivo da Ambev, como a implantação de biogás na fábrica de vidros do Rio, o Projeto Bacias, o uso de PET reciclado nas embalagens e parcerias com cooperativas de catadores, entre outros, são tão importantes quanto os de outras áreas. Se há metas a cumprir nos departamentos comerciais e financeiros, no de relações socioambientais há outras não menos importantes, como a redução de 10% na emissão de CO2 até 2012.

Além da relevância social e ambiental, as empresas captaram o impacto positivo das ações de sustentabilidade em outros indicadores, como acesso ao capital. Empresas com bom desempenho no Índice de Sustentabilidade Dow Jones (DJSI), por exemplo, atraem mais investimentos. O efeito é similar sobre o market share. Projetos sustentáveis ajudam a ganhar simpatia do mercado. "A sustentabilidade é ainda ferramenta para reter e atrair talentos porque a nova geração tem simpatia pelo tema", diz o diretor de estratégia e sustentabilidade da Siemens no Brasil, Victor Batista, à frente do cargo desde sua criação, em 2009.

Há quatro anos na liderança do setor no DJSI, a Siemens decidiu nomear um profissional para comandar as ações de sustentabilidade. As filiais acompanharam a decisão. No Brasil, a diretoria de estratégia passou a comandar também os projetos sustentáveis. Com a nova organização foram intensificadas as iniciativas para estimular os clientes a reduzir a emissão de CO2.

Processo semelhante ocorreu na SAP, uma das líderes mundiais de software para processos de negócios. A nova gerência nasceu a partir de uma decisão mundial de tornar a empresa reconhecida por oferecer soluções sustentáveis. Para alcançar os objetivos, foram nomeados 130 embaixadores, espalhados pelo mundo. Um deles é Silvio Sherveninas, gerente de soluções para sustentabilidade da SAP Brasil há dois anos.

O cargo estimulou a adoção de indicadores, metas e estratégias específicas. "Colocamos o tema na agenda dos executivos e incluímos a sustentabilidade em todas as discussões", afirma. Entre as atuais metas da empresa destaca-se a redução em 50% da emissão de CO2 até 2020. O objetivo é retornar aos níveis de 2000 por meio de projetos de eficiência energética, de conscientização de funcionários e aquisição de energia renovável. O ritmo de crescimento dos negócios da SAP no Brasil é acelerado. A receita no primeiro semestre superou em 23% a de igual período do ano passado e deve manter essa tendência. "Isso implica maior consumo de recursos naturais, mais viagens, mais emissão de CO2. Vamos crescer com redução do efeito estufa", explica.

Se as empresas tradicionais foram introduzindo em seus organogramas a sustentabilidade ao longo dos anos, as companhias mais jovens nascem com o departamento definido em suas estruturas organizacionais. Esse é o caso da Fibria, líder mundial em celulose criada há dois anos com a incorporação da Aracruz pela VCP. "A sustentabilidade está na missão, nos valores e na visão da empresa, que precisa se organizar por meio de uma gerência que faz parte de sua governança", diz Carlos Alberto Roxo, gerente-geral de sustentabilidade e relações corporativas.

O principal foco do trabalho de sustentabilidade da companhia tem sido as comunidades de entorno das fábricas. A Fibria mantém atividades em cinco Estados e em algumas regiões em que atua apresentam nível elevado de pobreza, como o interior do Espírito Santo e o sul da Bahia. "Compreender as necessidades da população, desenvolver projetos de interesse regional e trabalhar em parceria com os governos para aplicar políticas públicas nesses locais concentram 80% dos esforços da gerência", explica.

Outra empresa que acaba de nascer com a sustentabilidade definida em seu organograma é a Raízen, resultante da integração dos negócios da Shell e Cosan. É a primeira a obter a Certificação Bonsucro, que define padrão de produção da cana-de-açúcar com menor impacto socioambiental.

A empresa recebeu a certificação para 1,7 milhão de toneladas de cana, 130 mil toneladas de a açúcar e 63 milhões de litros de etanol, produzidos em Maracaí (SP). "Essa tendência se consolida no setor em que o açúcar já é commodity e em que o etanol se prepara para ser e precisa de padrões de sustentabilidade para acessar novos mercados" afirma Luiz Osório, vice-presidente de desenvolvimento sustentável e relações externas.

Fonte: Valor Econômico

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