O segmento das micro, pequenas e médias empresas concentrou 40% dos R$ 69,4 bilhões liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) no acumulado janeiro a julho deste ano. Isso representou R$ 27,6 bilhões, distribuídos em 437 mil operações, que corresponderam a 94% do total de transações feitas pelo Bndes.
"Foi uma estratégia acertada do banco, não só em relação ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI) [do governo federal], mas também muito em relação ao Cartão Bndes (usado para compras pelo portal eletrônico do banco), que é um programa direcionado às empresas de menor porte", disse hoje (6) o chefe do Departamento de Orçamento da Área de Planejamento do Bndes, Gabriel Visconti.
Segundo ele, isso tem um reflexo imediato nos resultados do banco. "Desde o início do ano, as micro, pequenas e médias empresas apresentam uma participação crescente nos desembolsos globais do BNDES e essa participação vem se mantendo".
De acordo com o Bndes, as liberações para as micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 23,2 bilhões no primeiro semestre de 2011, representando 42% do total. Em 2010, a participação foi 32% e, em 2009, 22%.
O boletim de desempenho divulgado pelo Bndes mostra ainda que, embora a Região Sudeste tenha concentrado a maior parte dos desembolsos do banco no período (49%), com R$ 33,8 bilhões, as regiões Norte e Nordeste já participam com 20% do total.
Do volume liberado pelo banco nos sete primeiros meses de 2011, cerca de R$ 15,7 bilhões se destinaram à Região Sul, R$ 8,61 bilhões, ao Nordeste, R$ 5,24 bilhões, ao Norte e R$ 5,84 bilhões, ao Centro-Oeste.
Ainda de acordo com o boletim, em termos de desembolso social, os recursos somaram R$ 3,18 bilhões, sendo R$ 944 milhões destinados à área de saneamento ambiental e R$ 839 milhões para projetos de desenvolvimento urbano. Visconti enfatizou que os recursos se destinaram principalmente a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A área de desenvolvivmento rural recebeu R$ 701 milhões e a de saúde, R$ 224 milhões.
Desembolsos do Bndes tiveram redução de 5% até julho
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) caíram 5% entre janeiro e julho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 69,4 bilhões. Divulgado hoje (6), o dado reflete uma estabilidade em relação a 2010, segundo o chefe do Departamento de Orçamento da Área de Planejamento do Bndes, Gabriel Visconti.
De acordo com o Bndes, os desembolsos deverão apresentar, este ano, valor similar ao registrado no ano passado, em torno de R$ 146 bilhões. O número não considera a operação de capitalização da Petrobras, feita em setembro de 2010, no montante de R$ 24,8 bilhões.
Visconti esclareceu que esse número "está de acordo com a estratégia do banco de evitar mais um ano de crescimento expressivo em relação a anos anteriores. A proposta sempre foi, em 2011, de estabilidade dos desembolsos".
Para o economista João Sicsú, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), o fato de a economia brasileira estar crescendo menos do que em 2010 explica a redução dos desembolsos do Bndes. "A queda é razoável. No ano passado, a economia estava crescendo a um ritmo de 7,5% e está crescendo a um ritmo de 4% este ano. Então, é esperado que os desembolsos tenham um volume menor em 2011, em relação a 2010".
O Bndes espera que outras instituições, como bancos privados e bancos de desenvolvimento, possam, no médio prazo, sustentar também o crescimento do país, com investimentos de longo prazo, assinalou Visconti. Já João Sicsú não acredita que a diminuição das liberações seja estratégia para abrir espaço a financiamentos privados para o setor produtivo nacional.
"Não que esse não seja um desejo do Bndes, do governo, nem do setor privado", ressaltou Sicsú. O que ocorre, explicou, é que quando o Bndes desembolsa recursos para investimentos, isso estimula toda a economia. "Estimula, inclusive, o financiamento de longo prazo pelo setor privado, seja através de debêntures ou de emissões primárias na Bolsa de Valores."
Sicsú disse ser errada a avaliação de que, quando o Bndes financia mais, o setor privado financia menos. "Na verdade, o que acontece é que quanto mais o Bndes financia, mais ele estimula as demandas empresariais por financiamentos, públicos e privados". Na medida em que o banco oferece linhas de crédito com taxas de juros aceitáveis, o setor privado financeiro também aumenta a sua participação no financiamento do investimento. Segundo o economista, isso tem ocorrido nos últimos anos.
De acordo com o relatório do Bndes, nos últimos 12 meses, completados em julho, os desembolsos atingiram R$ 140,2 bilhões. Em julho, as liberações somaram R$ 13,6 bilhões, com alta de 1,6% ante igual mês do ano passado.
A área de infraestrutura recebeu R$ 28,8 bilhões entre janeiro e julho deste ano, o que garantiu participação de 42% do total liberado. "É relevante. Não que a gente queira que a indústria caia. Ao contrário. Mas, preferencialmente, (os desembolsos têm ido para) a infraestrutura, pelos gargalos que ainda existem, pela relevância desses investimentos, como forma de garantir, no futuro, que a indústria também tenha base para crescer", disse Visconti.
Para a indústria, cuja participação foi 32% dos recursos totais, foram desembolsados R$ 22 bilhões, enquanto a área de comércio e serviços recebeu R$ 12,7 bilhões e agropecuária ficou com R$ 5,7 bilhões.
Fonte: Jornal do Comércio - RS