Quinta, 16 Janeiro 2025
Enquanto os ventos uivam no morro do capitalismo mundial, melhor falar um pouco de beleza.

É dela que trata a obra “As idéias estéticas de Marx”, de Adolfo Sánchez Vázquez, morto em julho passado. Neste livro, o filósofo marxista espanhol enfrenta a difícil relação entre a arte e o marxismo. Um tema que o stalinismo tratou com grosseria. Arte seria aquela a serviço do proletariado.

Contra tal concepção, Vázquez resgata as idéias de Marx sobre a arte. Afirma, por exemplo, que “o marxismo insistiu vigorosamente na natureza ideológica da criação artística”. Mas, sua expressão possui legalidade própria, dotada de coerência interna e autonomia relativa. Como disse Marx, é “criação segundo as leis da beleza”.

“A tese marxista de que o artista se acha condicionado histórica e socialmente (...) não implica de modo algum a necessidade de reduzir a obra a seus ingredientes ideológicos”, diz Vázquez. Para ele, não se pode equiparar o valor estético do artista com o valor de suas idéias. A arte seria “a expressão do dilaceramento ou divisão social da humanidade”, mas, “revela uma vocação de universalidade. É por isso que “a arte grega sobrevive hoje à ideologia escravista de seu tempo”. Da mesma forma, a arte de nosso tempo sobreviverá a sua ideologia.

O filósofo espanhol considera que a redução da arte à ideologia atenta contra a própria essência da arte. Seria a redução do elemento particular presente na obra de arte “a seu agora e a seu aqui”. O universal humano não é o universal abstrato e intemporal, mas “o universal humano que surge no e pelo particular”. Voltaremos ao tema.

Fonte: Pílulas Diárias
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