Quinta, 16 Janeiro 2025

Se há alguns anos essa poderia ser considerada uma situação impensável, hoje não é exagero dizer que grande parte das crianças aprende a usar o computador antes mesmo dos dez anos de idade. Nas escolas públicas brasileiras, porém, a evolução para o uso desse equipamento no ensino acontece em ritmo bem mais lento e, mesmo onde há máquinas disponíveis, a ausência de conexão à internet mostra que ainda há um vasto campo para a área educacional avançar em termos de tecnologia.

As escolas brasileiras têm em média 18 computadores em funcionamento, segundo pequisa do Comitê Gerenciador da Internet (CGI) sobre o uso de tecnologias da informação e comunicação (TIC) na rede de ensino municipal e estadual. O número fica muito distante da realidade dessas escolas, que têm em média 800 alunos, de acordo com o Censo Escolar de 2010.

Em meio a esse cenário, 61% dos professores entrevistados apontaram o número insuficiente de computadores por aluno como um fator que atrapalha muito o uso das TICs no processo pedagógico. A falta de máquinas com acesso à internet e equipamentos para alunos com alguma deficiência foram entraves citadas pelos docentes.

De acordo com o estudo, apenas 4% das salas de aula de escolas municipais e estaduais da área urbana têm computadores, mas 16% desse total não tem conexão à internet (fator que restringe significativamente as possibilidades de uso do equipamento). A pesquisa foi realizada em aproximadamente 500 escolas e ouviu alunos, professores, coordenadores pedagógicos e diretores.

Apesar da quantidade relativamente baixa de computadores nas salas de aula, 18% dos professores utilizam as TICs em atividades realizadas nesse ambiente. Segundo Juliano Cappi, coordenador de pesquisas do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), a diferença entre o percentual de computadores em sala e a utilização das TICs nesse local indica que alguns docentes devem usar equipamentos próprios para dar aulas.

O alto índice de uso das TICs em sala de aula - mesmo diante de um percentual baixo de computadores - é um dos indicadores que sugere a necessidade de mais investimentos nesse ambiente de aprendizado, de acordo com Cappi. A despeito do cenário observado nas salas de aula, 81% das escolas pesquisadas têm laboratórios de informática, sendo que 86% desses equipamentos têm acesso à internet.

Além das necessidades de melhoria na infraestrutura, as escolas públicas brasileiras ainda enfrentam outra questão problemática: os professores não utilizam as TICs no dia a dia escolar. De acordo com a pesquisa, quanto mais cotidiana é a atividade, menor é o uso do computador e da internet pelos professores. Em situações como a aplicação de exercícios para prática e fixação de conteúdo, por exemplo, somente 23% dos professores disseram usar esses recursos.

Ao contrário da maioria dos alunos, que teve contato com computadores e com a internet de forma precoce, a geração de professores se reconhece como não "nativos digitais". O estudo revelou que 64% dos docentes das escolas pesquisadas apontam que o aluno tem mais conhecimento que ele sobre o uso das TICs.

Segundo Cappi, esse é um dos pontos que faz com que atividades como ensinar os alunos a usar o computador sejam realizadas com menor frequência.

Fonte: Valor Econômico

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