Segunda, 03 Fevereiro 2025

Ao completar 117 anos em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deu o primeiro passo para uma mudança radical: a alteração societária que fará da entidade uma sociedade por ações (S.A), aprovada em assembléia geral. As etapas seguintes incluem a futura abertura de capital e conseqüente listagem das ações no Novo Mercado, o que deve ocorrer até o fim do ano. A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), quinto maior pregão de derivativos do mundo, deve seguir o mesmo caminho. A expectativa maior, por enquanto, é sobre os termos da abertura de capital.

A reestruturação societária resultou na criação da Bovespa Holding - sociedade por ações fechada, que terá como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP) e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) - ambas de capital fechado. A BVSP será responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de balcão organizado; a CBLC prestará serviços de liquidação, compensação e custódia.

Para a abertura de capital, a instituição contratou como coordenador do processo o banco Goldman Sachs, que apresentará estudos sobre a precificação das ações da bolsa durante reunião com as corretoras em 24 de setembro. Estima-se que o valor de mercado da Bovespa esteja entre R$ 9 bilhões e R$ 11 bilhões. Em termos de faturamento, em 2006 a bolsa gerou receitas de R$ 310 milhões com suas operações, com um superávit de R$ 199,7 milhões.

O diretor-superintendente da Associação Nacional das Corretoras (Ancor) Gilberto Biojoni, afirma que a transformação da Bovespa era ansiosamente esperada pelo setor. "As corretoras vão se capitalizar e se profissionalizar ainda mais. Só vai ficar no mercado quem tiver interesse mesmo."

A tendência mundial de desmutualização, que já atingiu 70% das principais bolsas do mundo (entre elas Londres, Paris, Frankfurt, as pioneiras Suécia e Austrália, Canadá, Hong Kong, Cingapura, além das americanas Nymex, Nasdaq e Nyse), trouxe um rápido e forte aumento de competitividade ao mercado.

Segundo analistas, as bolsas brasileiras não poderiam ficar à margem da integração global, sob pena de não conseguirem acompanhar o nível de eficiência exigido pela globalização e as permanentes mudanças tecnológicas, que requerem recursos cada vez mais expressivos. "A operação é uma maneira de a própria bolsa dizer para as empresas: ’’eu também sou transparente’’", avalia Valter Bianchi Filho, diretor da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-Sul).

Durante mais de um século, a Bovespa sempre foi uma instituição sem fins lucrativos, tendo como donas as cerca de 100 sociedades corretoras com direito de negociar no pregão. O modelo seguiu uma tendência internacional, com as bolsas em todo mundo funcionando durante séculos como mutualidades, uma espécie de clube em que os membros compram títulos e cobram taxas dos não-membros para manter as operações.
André Albo, sócio da XP Investimentos, destaca que a desmutualização é um processo que vai exigir da bolsa mais competitividade. "Ela vai ter que dar lucro, ter resultados e distribuir dividendo, como qualquer companhia. Isto é positivo", salienta Albo.

No caso da bolsa brasileira, as corretoras detêm títulos patrimoniais da instituição, cada um com valor de face de R$ 1,22 milhão. Para operar na Bovespa hoje, uma corretora tem que comprar de um a seis títulos (dependendo do alcance regional de seu negócio). A abertura do capital prevê a mudança dessa regra para tornar mais fácil e barato o acesso dos corretores e agentes autônomos aos pregões da bolsa.

Fonte: Jornal do Comércio - 03 SET 07

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