Quinta, 21 Novembro 2024

No dia 6 de junho do ano passado, a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Ipatinga (a 256 km da capital mineira Belo Horizonte) recomendou à siderúrgica Usiminas que adotasse ações imediatas para impedir a utilização, para qualquer finalidade, de águas subterrâneas num dos bairros da cidade, o Vila Ipanema. O motivo: a descoberta de que essas águas estão contaminadas por benzeno em altos níveis, substância utilizada no processo produtivo do aço. Passado um ano, a contaminação e a proibição ainda persistem.

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Para o Promotor de Justiça Walter Freitas de Moraes Júnior, o que ocorre na cidade mineira, que tem mais de 232 mil habitantes (IBGE de 2005), é o reflexo de um passivo ambiental da siderúrgica, que começou a produzir em 1962. Aparentemente, avalia, se trata de uma contaminação cuja fonte não estaria mais ativa. Mas qualquer acordo que se fizer com o Ministério Público será levado em conta a realização, defende Moraes Júnior, de exames laboratoriais na população.
 
“Já se sabia que a Usiminas, uma empresa antiga, que começou a operar num período em que a legislação ambiental não existia ou era insuficiente, causava contaminação de águas subterrâneas em Ipatinga, mas em especial em áreas industriais”. O promotor destaca a formação geológica do terreno, arenoso e muito permeável, como um facilitador para qualquer tipo de vazamento de óleos leves e hidrocarbonetos.

Fonte: Google Earth 2009

Imagem de satélite capturada pelo Google mostra proximidade
entre a sede Usiminas e o bairro de Vila Ipanema

Ele explica que essas contaminações são acompanhadas pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais há muito tempo. A preocupação de acompanhar toda a situação junto à Usiminas e a outros órgãos públicos do estado e do município ligados ao meio ambiente e à saúde, se deve, alerta Moraes Júnior, ao fato de que o benzeno é uma substância altamente carcinogênica. “Qualquer exposição ao benzeno pode gerar um processo cancerígeno”.

A Promotoria espera que encerrado o processo de investigação se estabeleça um acordo com a empresa para que ela inicie o processo de contenção e remediação. “Não se trata apenas de uma contenção. É um processo que não é rápido e durante todo esse período os usuários ficarão impedidos de utilizar essa água”.

Os órgãos ambientais estaduais, como o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), e a Comissão Estadual do Benzeno estão acompanhando o caso também. O Igam lacrou os poços existentes no local contaminado e a comunidade tem sido alertada frequentemente sobre a impossibilidade da utilização dessa água.

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