Alguns dias antes do Dia do Trabalhador, nesta sexta-feira (1º), os portuários de Santos receberam uma notícia preocupante. É que dirigentes de terminais especializados em apoio logístico ao setor offshore já iniciaram “campanha” para não recorrer aos Órgãos Gestores de Mão de Obra (Ogmos) para o recrutamento de trabalhadores. Eles se apóiam no artigo 8º da Lei 8.630/93, de Modernização dos Portos, que dispõe sobre a realização de operações previstas na legislação. Os portuários avulsos de Santos, em especial, devem ficar a ver navios no momento em que as atividades de exploração e produção de petróleo e gás ganham grande importância nas discussões acerca do desenvolvimento do principal porto da América Latina.
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O gerente de Desenvolvimento de Negócios da Edison Chouest Offshore - maior empresa privada de afretamento de embarcações em todo o mundo -, Matheus Villela, é um dos que clamam pelo cumprimento da Lei e pela opção de operar com mão de obra própria. “Isso é de extrema importância, uma vez que o passivo jurídico de uma operação desse nível [é muito alto], com uma plataforma que custa cerca de 500 mil dólares por dia. Estamos falando de quase um milhão de dólares para cada campanha de exploração. O passivo jurídico é muito grande para que tenhamos que operar com mão de obra não-própria”. Líder mundial, a Chouest tem planos para desenvolver intensas operações nos portos de Santos e São Sebastião (SP).
Segundo Villela, o mercado de terminais necessita atender às características da já consolidada indústria de óleo e gás. “Todos temos que entender que a atividade de apoio logístico gera muita importação, mas esse não é o objeto principal da logística offshore”. Ele classifica a mão de obra como o “calcanhar de Aquiles” da empresa, que tem trabalhado com pareceres e posicionamentos dos ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento para nortear suas opções.
Assista à declaração de Villela em vídeo
O vice-presidente da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Luis Antonio Awazu, ressaltou que os padrões de comportamento dos operários e dos gestores de terminais de apoio logístico à exploração de petróleo e gás devem ser diferenciados. A empresa que ele representa – a Cia. Bandeirantes de Armazéns Gerais – está apostando alto no crescimento do setor. “Precisamos provar que fazemos operações com qualidade para os acionistas das empresas de gás”.
Ele salientou que há necessidade de uma “mudança estratégica de atitude” no Porto de Santos, exigida pelo aumento da movimentação destinada à indústria offshore. “Isso exige uma mudança de postura. É preciso entender que a indústria é diferenciada e exige confiabilidade, produtividade e qualidade de todos nós”.
Em meio a esse panorama, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ainda não sabe quais áreas irá disponibilizar para as atividades offshore, devido à escassez de espaços disponíveis. Matéria completa sobre o assunto, com depoimento do diretor de Planejamento, Renato Ferreira Barco, em vídeo, você confere na edição de sexta-feira (1º de maio, Dia do Trabalhador) de PortoGente.