O acidente nos reservatórios de combustível (álcool anidro e gasolina) do terminal Ultracargo, no Porto de Santos, ainda está bem vivo na memória do País, principalmente da população da Baixada Santista, região onde está o complexo portuário santista. Por isso, causa temor a situação que envolve a instalação de novo terminal na área continental de Santos. Pertencente à Santorini, que por sua vez faz parte da Empresa Brasileira de Terminais e Armazéns Gerais (EBT) – que controla os terminais de líquidos Ageo e Ageo Norte, instalados na Ilha Barnabé –, o local operará granéis sólidos vegetais (soja, milho, açúcar e farelo), carga geral não conteinerizada (celulose) e granéis líquidos (óleo diesel, gasolina, etanol e acetatos). Prevista para iniciar as operações em 2018, a empresa estima movimentar 26 milhões de toneladas por ano.
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Com certeza um grande e rentável negócio para os donos do empreendimento, mas e ao meio ambiente e à população o que o novo terminal significará? Segundo o diretor-presidente do Instituto Ecofaxina, William Rodriguez Schepis, só a instalação e a operação deste complexo já são suficientes para impactar o meio ambiente, o primeiro prejuízo ao ecossistema local é a devastação da área a ser explorada, mesmo sendo dentro uma zona de amortecimento.
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A região onde será instalado o complexo retroportuário é chamada Zona de Amortecimento e fica entre o Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Estadual Xixová-Japuí. O licenciamento ambiental do empreendimento ainda está em curso. A Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) aguarda o envio de dados complementares ao Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para dar continuidade à análise técnica do processo.
No dia 16 de abril último, foi realizada uma reunião convocada pela comunidade da Ilha Diana, localizada a um quilômetro de onde será instalado o Terminal Santorini. O diretor da Santorini Terminais e Ageo Terminais, Aquiles Dias, fez uma exposição sobre o projeto, mas nada acrescentou além do que já foi divulgado, ou seja, nada. Os moradores saíram da reunião com as mesmas dúvidas.
Qualquer negócio da iniciativa privada deve ter um forte contraponto dos órgãos públicos que devem zelar, acima de tudo, pelos interesses da sociedade e garantir iniciativas econômicas sustentáveis.