A entrevista com Luciano Pereira de Souza, abrindo o WebSummit Porto Sustentável, põe luz em três pontos importantes da sustentabilidade em nossos portos: planejamento, conflito legal e fiscalização. Com esse debate em âmbito global, em especial em 2018, que será o ano em que os negociadores de mais de 190 países formalizam a implantação do acordo assiando em Paris no final de 2015, Portogente convoca significativos segmentos das logísticas portuárias nacionais e estrangeiros para debater, trocar experiências e promover soluções relevantes para o aprimoramento da movimentação sustentável de granéis sólidos nos portos.
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No caso dos terminais de granéis no Corredor de Exportação do Porto de Santos (SP) que foram implantados à época dos governos militares, na definição da área na foz do canal do porto pesou o custo de manutenção de dragagem para garantir profundidade à navegação de navios graneleros, que exigem grandes calados. Contudo, passados quase quarenta anos, pouco se fez para modernizar esses terminais e evitar os impactos na densa área urbano contígua.
Mais grave ainda é notar terminais instalados recentemente também conflitando com esse tipo de área urbana de característica residencial e sendo atingida uma população significativa. Os impactos provocados pela abundância de material particulado (poeira) em suspensão, decorrente das operações de carga e descarga e armazenagem de farelo de trigo, soja, milho, podem causar danos não só à saúde dos trabalhadores portuários diretamente envolvidos na movimentação, mas às pessoas que circulam frequentemente no entorno do porto ou residam nas proximidades.
Situações de conflitos entre porto e cidade precisam ser enfrentadas com seriedade tanto na elaboração de regramentos como na fiscalização da instalação desses terminais de granéis em áreas portuárias - é bom frisar, tão importantes à exportação brasileira. O futuro auspicioso desses produtos exigem que essas medidas sejam priorizadas.
Como recomenda Souza, o único caminho efetivo, de curto prazo, para reduzir o impacto ambiental dos terminais é a solução proposta no programa de arrendamentos: exigir, nas licitações, investimentos em equipamentos e instalações de mitigação ambiental, como shiploaders modernos com sistemas de captação de poeira e sistemas de telas para retenção de particulado”.
A sociedade brasileira agradece o respeito com que deve ser tratada pelos empreendedores.