Se a avaliação do ex-embaixador em Washington (1999 a 2004) Rubens Barbosa estiver certa, a economia brasileira sofrerá fortes e negativos impactos com a política econômica do novo presidente dos Estados, Donald Trump. A prelação foi feita em audiência pública realizada na Comissão de Relações Exteriores do Senado, nesta quinta-feira (8/12). O diplomata citou dados oficiais demonstrando que o comércio bilateral entre Estados Unidos e Brasil tem caído bastante desde 2014, quando ultrapassou U$ 60 bilhões. Já em 2016 o fluxo deve ser pouco superior a U$ 40 bilhões. "Só neste ano as exportações para os Estados Unidos caíram 25%, e as importações, 10%", disse, acrescentando ainda que o futuro presidente continuaria "em campanha", pois mantém sua posição de promover uma forte queda nos impostos, combinado com investimentos keynesianos em infraestrutura.
O objetivo dessa orientação de Trump é diminuir o desemprego, sua tônica durante a campanha eleitoral, e retomar o crescimento da economia. O desafio do novo governante é promover esta reorientação sem aprofundar o desequilíbrio já existente "em grande escala" nas contas públicas daquele país, como ressaltou Rubens Barbosa. "No meio de tantas incertezas que cercam Trump, uma das poucas certezas é que ele promoverá um rápido aumento nas taxas de juros, aliás já sinalizado pelo Federal Reserve [o Banco Central dos EUA]."
Este cenário afetará muito o Brasil, continuou ele, pois provocará um deslocamento considerável de capital financeiro hoje investido por aqui para aquele país. E caso essa nova orientação até agora sinalizada por Trump provocar um descontrole nas contas públicas norte-americanas, as consequências seriam imprevisíveis não só para a economia brasileira, mas em toda a cena internacional. Rubens Barbosa ainda acrescenta que o aumento das taxas de juros dos Estados Unidos ainda trará como consequências uma maior instabilidade no câmbio brasileiro e déficits na balança de pagamentos. (Com informações da Agência Senado)