Quinta, 28 Novembro 2024

Relatório divulgado recentemente pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra que a “financeirização” da economia — quando as empresas não bancárias preferem investir o lucro em operações financeiras em vez de equipamentos, pesquisa e desenvolvimento — também é uma tendência no Brasil e outros países emergentes, não apenas nos desenvolvidos.

O documento mostrou que a taxa de investimento em relação ao lucro das empresas brasileiras era de 178,2% de 1995 a 2002, caindo para 79,8% entre 2009 e 2014. Paralelamente, o percentual de ativos financeiros dessas empresas em relação ao total de ativos subiu de 7,1% para 11,4% no mesmo período. A mesma tendência foi observada em países em desenvolvimento como Rússia, África do Sul e Índia.

“O relatório mostrou que a conexão entre lucro e investimentos se enfraqueceu”, explicou Antônio Carlos Macedo e Silva, professor do Instituto de Economia da Unicamp e oficial de assuntos econômicos da Unctad. “Embora o lucro tenha aumentado (...) não necessariamente houve aumento do investimento (produtivo). O relatório levanta a possibilidade de o fenômeno da ‘financeirização’ estar se estendendo para países em desenvolvimento”, explica.

Segundo órgão, o fenômeno já teve repercussões macroeconômicas negativas nos países desenvolvidos, na forma de aumento das desigualdades de renda, enfraquecimento da demanda agregada, crescimento do desemprego, bolhas financeiras, entre outros. Nas economias desenvolvidas, as estratégias das empresas não bancárias estão cada vez mais ligadas à chamada “primazia do acionista”, com um crescente foco em decisões de curto prazo, gestão de custos e engenharia financeira, disse o documento.

Para reverter esse fenômeno, a opinião da conferência das Nações Unidas afirmou que tanto países desenvolvidos como os emergentes poderiam atrelar eventuais incentivos fiscais às empresas ao reinvestimento dos lucros para fins produtivos.

* Para ler o documento na íntegra, em inglês, clique aqui.

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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