É insustentável a permanência de Maurício Quintella à frente do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, do governo interino Michel Temer. Ele foi condenado em agosto de 2014 por participação em esquema que desviou dinheiro destinado ao pagamento de merenda escolar em Alagoas, entre 2003 e 2005. À época, Quintella era secretário de Educação do Estado.
Pelas mesmas razões que afastaram o ex-ministro Romero Jucá, Quintella não pode permanecer à frente de um ministério que necessita atrair investimentos robustos para a infraestrutura dos transportes, até que sua condenação seja revertida.
Um balanço honesto dessa situação só contabiliza mais atraso na construção da tal ponte para o futuro, que sem ainda demonstrar sua eficácia mantém-se obstruída por embaraços judiciais e escândalos envolvendo ministros de um governo que já se faz esperar demais.
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Quintella se defende das acusações e diz que recorre da condenação expedida em primeira instância, por improbidade administrativa, ao lado de outras nove pessoas. Do total de R$ 133,6 milhões a ser devolvido à União, somados os nove condenados, cabe ao atual ministro a multa de R$ 4,2 milhões. Convenhamos, uma punição pesada, por desvios nos programas de merenda e transporte escolar, tão caros à sociedade.
Se a infraestrutura e a logística do País são fundamentais à retomar do desenvolvimento econômico, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil tem papel protagonista na superação das dificuldades do processo de movimentação da produção da indústria e do campo até o mercado.
Para seu conforto, Quintella fora do ministério deixa de ser cobrado pela imprensa sobre o que ele acha de um condenado da Justiça ocupar um cargo de ministro. Ao vice-presidente em exercício do cargo de Presidente da República compete garantir celeridade e confiabilidade aos atos de governo. É o que o Brasil espera. É o que a sociedade brasileira merece e, por que não dizer, exige.