Marketing ainda é um assunto tabu no ambiente de negócios no Brasil. Semanticamente tem sido quase sempre ligado à publicidade, que se constitui uma das suas ferramentas. Estrategicamente, ele é desvalorizado em relação ao setor produtivo da organização. Em resumo, e em todas as atividades e em diferentes graus, recebe um tratamento de uma atividade secundária e bem dispensável. Inclusive nos portos brasileiros.
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Reverter essa visão equivocada que provoca desaproveitamento de oportunidades vai promover um maior desenvolvimento nos negócios portuários. O aparecimento do Brasil como superpotência econômica abriu uma janela de possibilidades no comércio internacional, além do nada desprezível papel de fornecedor de recursos minerais e agrícolas escassos no mundo. Todos devem de convir que as transações comerciais serão cada vez mais ágeis e globais. Por isso, as técnicas de gestão do marketing têm também se tornado cada vez mais viáveis e sofisticadas.
Desequilíbrios de mercado na navegação e nos negócios portuários resultam das flutuações comerciais devido a ciclos econômicos ou perturbações políticas, como também do mal desempenho da navegação, dos portos ou dos terminais. Por conjuntura tecnológica, hoje as ações do marketing transcendem as fronteiras nacionais e políticas, tornando mais vigorosas e modernas as forças do comércio que atuam desde remotas épocas, como a famosa Rota da Seda asiática.
Em poucas palavras, o marketing está presente em todos os dias do comércio global. Ele é um importante energético da movimentação intensa de mercadorias que vem ocorrendo pelos mares do mundo, como demonstra a duplicação do canal do Panamá, ampliação do de Suez e o projeto do canal da Nicarágua. Estamos falando de transporte com super mega-navios carregados de contêineres ou granéis.
É um conceito básico que, dentro da atividade da empresa, o marketing tem a função de identificar as necessidades e desejo do consumidor, determina o mercado-alvo, planeja os produtos, serviços e programas. Isso se aplica também à atividade portuária. No entanto, nesse setor, a realidade brasileira sequer resvala o que deveria ser feito, se tomarmos como padrão principalmente os importantes portos europeus que durante todo o ano, por diferentes meios e pessoas, se fazem presentes no Brasil. Negativamente, a recíproca raramente ocorre.
No entanto, o que mais podemos perceber são as notícias de coisas ruins dos portos nacionais, inclusive cruzando fronteiras internacionais, e paradoxalmente agindo como uma contra-propaganda das coisas boas sem divulgação. Convenhamos, uma imagem inadequada para um cenário global, onde as economias têm se tornado interdependente.
A revolução digital, em especial a Internet, tem aproximado compradores e vendedores de todas as partes do globo. Está mais do que na hora dos portos do Brasil acordarem para o mundo competitivo em que vivemos e para a tomada de decisões estratégicas modernas.