Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 26 último, assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, põe luz em uma questão de fundamental importância para a eficiência da logística portuária: “O governo se disponha enfrentar a obsolescência do modelo de administração portuária das Companhias Docas e das autarquias estaduais e municipais ... serviço de dragagem é indispensável, mas insuficiente para eliminar os gargalos que prejudicam a performance do sistema portuário.”
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O dirigente empresarial arremata sua reflexão justificando que “precisamos experimentar modelos de gestão de cunho mais comunitário, com ênfase nas obas práticas de governança, como Roterdã, Antuérpia e Hamburgo.” E acrescenta: ”Quanto maior a intervenção do governo central, menor o comprometimento das regiões portuárias, que, destituídas de poder e de responsabilidade, caem inevitavelmente no comodismo e na inércia."
No comentário de um guru da logística: “Manteli foi preciso e logístico”. Portos fracassados na eficiência e defasados na modernidade são candidatos a perder o lugar no comércio. Defender a descentralização do processo decisório e a participação da comunidade local na gestão e destino dos portos, como fala, com todas as letras, o presidente da ABTP, é a declaração de um autêntico landlordista, como certamente diria Frederico Bussinger fervoroso apoiador desse modelo.
A razão dos grandes portos terem suas decisões descentralizadas é que não se pode objetivar a maximização de resultados do porto sem o estabelecimento de política voltada ao tratamento, de maneira particular, de cada setor de transporte e produtivo em uma única diretriz, de maneira particular, vinculando às singulares necessidades de cada produto/sistema. O caminho mais ágil para o final feliz é aproximar a solução do problema. Pelo papel que ocupa, Manteli não deve estar falando apenas por si e, se assim for, isso pode definir positivamente um horizonte de debate mais amplo e bem oportuno para um momento de crise em que se faz urgente garantir produtividade estrutural em toda economia.
É o que nos ensina o princípio fundamental de quanto melhor o desempenho de uma função específica, maior a eficiência do processo em geral. Descentralizado e como forte fator econômico regional, por força do alinhamento dos objetivos do negócio portuário com os alvos macroeconômicos do País e, simultaneamente, às necessidades de negócio da região, vai fortalecer a economia local, promover geração de trabalho etc..
Nesta semana, Portogente abriu mais um debate temático: Qual Autoridade Portuária é adequada aos portos do Brasil? Ao objetivar clarear o entendimento sobre o modelo de Autoridade Portuária que convém para os portos brasileiros, como melhor solução para reparar os erros do presente e extrapolar para construir estruturas para o futuro que se revela, abriu espaço para múltiplas opiniões.