O incêndio em tanques da empresa Ultracargo – a maior empresa de armazenagem para granéis líquidos do Brasil, que define-se assim: “Seu produto bem cuidado. Aqui tem nossa marca” – está promovendo um vale-tudo de notícias que mostra, bem diferente do que fala o prefeito de Santos (SP), Paulo Alexandre Barbosa, a falta informação e intranquilidade na população santista próxima aos tanques em combustão. Tal situação mostrou o quanto é frágil toda a estrutura de emergência e urgência em torno do Porto de Santos, apesar do grande volume de inflamáveis e produtos químicos armazenado na sua área.
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No vácuo de dados consistentes e no clima de tantas especulações, o terror no entorno do incêndio é alimentado com notícias de agravamento da situação nas redes sociais. Na esfera política o que se vê são manifestações egocêntricas salvadoras, sem dados consistentes e orientados para se contrapor ao grande corre-corre para corrigir tantas falhas, como já vistas em incêndios anteriores. Assim, aumenta a produção de más notícias.
Foto: Praticagem de Santos
Uma gravação apócrifa, postada na Internet, por um sujeito que se diz colhendo informações de amigos na frente de combate, no mínimo se traduz como uma pauta jornalística. Diz que a situação está complicada de vez. “Informações de caminhoneiros que estão fornecendo caminhão pipa para os bombeiros são de que se discute o aumento do raio de isolamento de 5 para 8,5 km. Diz também que foi constatada uma fissura enorme em um tanque de nitrogênio que está voltada para a área onde o pessoal trabalha.” E prossegue: “Em vista dos perigos eminentes e sem controle, as defesas mobilizadas discutem com a Defesa Civil a necessidade de evacuar a área. Neste caso, seriam evacuados os bairros contíguos da Alemoa, inclusive os prédios do Saboó, por causa do deslocamento de ar por explosão de tanques.”
Afora a boataria gerada a partir da parca, titubeante e amadora informação que se veiculou desde o início do incêndio, a partir das 10h45 do dia 2 de abril último, tal incidente desnuda como as relações entre sociedade, poder público (em todos os níveis) e negócios empresariais precisam ser claras, honestas e responsáveis. Todavia, cabe notar que à sociedade reserva-se o papel mais frágil e vulnerável. Infelizmente.
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