O terminal da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), construído no Porto de Santos, São Paulo, feriu de morte econômica e social a comunidade vizinha Ilha Diana. Situada na foz do rio Diana, no canal do porto, uma das poucas colônias de pescadores, que ainda existia na região, teve sua mata e precioso manguezal degradados e suas melhores áreas pesqueiras foram ocupadas por acessos (gates) do empreendimento. A ilha, considerada um paraíso por seus moradores, perdeu sua paz e silêncio, por causa dos ruídos, de dia e de noite, dos veículos e de equipamentos sonoros utilizados na movimentação de cargas.
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Sem projeto econômico e social consistente e diferente do compromisso com a sustentabilidade que a Embraport estampa no seu site não houve apoio à transição necessária e possível do modelo artesanal e autossustentável – em estado de degradação - para atividades sócio-profissionais. E, hoje, proibidos pela segurança do terminal, os pescadores não podem sequer se aproximar dos seus melhores pesqueiros, como o do Rio Sandi, agora chamado por eles de Braço Morto. As 60 contratações de moradores da ilha para trabalhar na construção estão resumidas a cinco, das quais apenas três na empresa, que propala ter gerado postos de trabalho em números de 700 diretos e 1.500 indiretos.
Foto: Portogente
Atracadouro dos pescadores, afetados pela construção e operação de terminal portuário da Embraport
O equilíbrio econômico e social que existia até há pouco tempo na comunidade fundada em 1934, fazia da ilha um lugar aprazível, na opinião dos seus 265 moradores. E o encanto do lugar, ainda tira a mesma impressão de quem visita pela primeira vez a Ilha Diana. A redução do número de pescadores, por causa da escassez do pescado, é uma ruptura desse equilíbrio.
Segundo os pescadores Maury, 80 anos de idade, e Eduardo, 48 anos, onde antes se pescavam 100 quilos de peixe, hoje só se consegue 30 quilos; e a antiga realidade de capturar 200 tainhas acabou. O robalo agora é raro. A canoa foi substituída por barco a motor para se alcançar pesqueiros distantes sob o risco do intenso tráfego de navios que dificulta a travessia do canal do porto.