Quem pensa que já viu de tudo pode estar enganado se o assunto atender pelo nome de Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Com a atribuição de autoridade portuária do maior porto do País, por onde passa mais de 20% da balança comercial brasileira, a empresa vive sob o risco das tentações diárias que, se aceitas, geram distorções e problemas maiores ainda que o próprio porto.
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Tal situação pode ser vista num tal “trem da alegria salarial” – alguns preferem chamar de “farra do boi” –, onde, claro, não existe a justificativa produtiva, abençoa alguns, quebra hierarquia, causa descontentamento e estica a corda entre os funcionários e a diretoria. Em alguns casos, subordinados passaram a ganhar mais que o chefe e estão dispensados de marcar ponto como faz todos os dias o superior hierárquico.
Revoltado, um grupo de empregados denunciou na Justiça que horas extraordinárias eram apontadas sem necessidade, e muitas até mesmo no repouso do lar. Enfatizaram, também, que essa prática sempre foi do conhecimento da diretoria da empresa.
Documento interno na empresa autorizava um limite em valor de horas extras por funcionário, sem que houvesse qualquer controle da real necessidade desse trabalho característico para atender emergências. O assunto foi encaminhado ao Ministério Público. A responsabilidade pode cair para os diretores. Estima-se que, nos últimos cinco anos, esse tipo de apontamento corresponda ao valor de R$ 60 milhões.