O caos que se transformou o escoamento das safras agrícolas tem nos portos o principal gargalo e parece não ter perspectiva de solução na nova modelagem das leis dos portos. Nesse sentido, o problema só tende a se agravar, porque dois pontos fundamentais estão sendo tratados sem visão e habilidade adequadas para dar racionalidade e agilidade às logísticas que deságuam nos portos: a centralização das decisões em Brasília e o processo de indicação das direções das Autoridades Portuárias.
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Na contramão dos grandes e bem sucedidos portos mundiais, que têm seus centros de decisão junto aos portos e alinhados com o negócio portuário, o Brasil aumenta a resistência dos processos e facilita a corrupção e a interferência do jogo político das indicações partidárias.
Origem e destino
Por falta de uma cultura com prioridade para a produtividade, nos portos brasileiros o papel da Autoridade Portuária está quase que, e equivocadamente, restrito aos limites dos portos e vinculado aos arrendamentos e às tarifas portuárias. Entretanto, sob a ótica da competitividade do comércio, o planejamento portuário deve abranger toda a logística da carga, da origem ao destino, de modo a racionalizar, no sentido de reduzir as resistências, diminuir perdas e agilizar o processo para a carga chegar ao destino com prazo, segurança e menor custo.
Com essa visão distorcida e tupiniquim do setor portuário nacional, os produtores continuarão a reclamar da logística, como o fez, no dia 29 último, em artigo “Meu porto, minha vida”, publicado no jornal Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Agricultura do governo Lula, Roberto Rodrigues que hoje é o coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.
Rodrigues reclama: “Há anos, os mais diversos especialistas comentam que o principal gargalo do agronegócio brasileiro é infraestrutura e logística. E vêm pedindo rapidez na implementação das obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] ligadas ao tema.”
Sem sombra de erro, adiantamos que nada mudará no setor com o modelo de indicação das diretorias de portos, priorizando os interesses políticos sobre a produtividade.