Sim, de barro: de ouro não é. Em 1971 foi abandonado o padrão ouro como garantia monetária. Sobra um lastro de confiança. Que pode ser quebrada mais facilmente do que imaginamos. Tendo consequências que mal podemos imaginar.
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Trump dobrará as tarifas de importação de bens dos BRICs ou eles desistirão da ideia de uma moeda própria para substituir o dólar estadunidense? A Europa aceitará suas imposições ou usará a aliança com o Mercosul para se encaixar num novo bloco mundial?
Com monstruosa dívida externa, ignorando os ventos da mudança econômica e as novas necessidades do mercado internacional, contando mais com força que com inteligência para garantir a confiança em sua economia, terão os EUA condições de criar uma nova era ou submergirão na História como tantas outras potências? São desafios para 2025 e anos finais desta década.
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Uma consulta à lista atualizada (2024) de campeões de dívida externa mostra que os EUA são disparados os maiores devedores (tanto quanto União Europeia mais Reino Unido, ou 10 vezes a China ou 17 vezes o Brasil). Claro que esses montantes podem ser analisados por vários prismas (percentual do PIB, valor ‘per capita’ etc.). Há países em situação bem mais complicada – e nenhum deles é a China ou o Brasil. Como diria o falecido economista e ministro Delfim Neto, dívida é preocupação do credor, não de quem deve...
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O que sustenta o dólar americano? A crença de que os EUA pagarão sua dívida, a estabilidade no gerenciamento do fluxo de capitais... só? Muitos já começam a achar isso pouco. Para o historiador Niall Ferguson, os impérios não declinam lentamente: eles caem de forma abrupta. Talvez uma fala do Trump seja o detonador do processo...
Iraque, ano 2000, Saddam Hussein pretendia trocar petróleo diretamente por moedas europeias: foi "delicadamente convidado" a sair de cena. Mas a ideia é antiga e agora prospera entre os países do crescente bloco BRICS. Logo depois deles debaterem abertamente o assunto, Trump fez as suas ameaças.
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Com isso, Trump mostrou fraqueza, pois a economia estadunidense perderá mais que os países com que negocia (comparemos balanças comerciais bilaterais para entender esta afirmação). Mostrou também falta de argumentos melhores para convencer alguém a não criar nova divisa cambial. E ainda colocou o tema da desdolarização no foco maior, ampliando-o bastante. Esperto...
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Depois de décadas, foi enfim assinado o acordo Mercosul/União Europeia, formando uma nova força comercial (será?). Uma coisa é os EUA desafiarem com poderio bélico alguma republiqueta insubordinada. Bem diferente será desafiarem simultaneamente todas as demais economias fortes. Se transformarem clientes em inimigos, venderão para quem?
Sem comércio, para quê servirão os navios? Aliás, por onde eles navegarão, com as ameaças de anexação de Canadá, Groenlândia e Panamá (só para começar), ao estilo hitlerista? Trump não tem medo, mas talvez os próceres da economia ianque sejam mais sensatos que ele... Ou não.
Nota de Cr$ 10,00 da “República dos Estados Unidos do Brasil” em 1958,
com padrão ouro: “Valor recebido. Se pagará ao portador desta a quantia de...”
Assinada pelo ministro da Fazenda, José Maria Alckmin.
(Imagem: reprodução)