Sexta, 18 Outubro 2024

E como é que ele entra em assuntos de transporte e comércio internacional? É o que veremos a seguir.

Stellio é um simpático lagartinho que não integra a família dos camaleões mas tem a mesma capacidade de mudar de cor, para enganar os insetos que pretende engolir. Em sua inocência de ser incapaz de raciocinar, ainda assim ganhou certa milenar má fama mundial. No Brasil tem até apelido: “1-7-1”. E como é que ele entra em assuntos de transporte e comércio internacional? É o que veremos a seguir.

lagarto
Eis o “meliante” Stellio...
Foto: Wikipédia - Stellagama Stellio brachdactyla, posando em 11/5/2018 na Reserva da Biosfera de Dana, Jordânia, para o fotógrafo Charles J. Sharp – uso sob licença CC BY 4.0.

Veja mais: Estelionato, uma palavra que muda de cor

Pois é, de seu nome latino – relacionado a ‘stellas’ (estrelas, como parecem as pintas em seu corpo) –, teria surgido a palavra “estelionato”, associada no Brasil ao artigo 171 do Código Penal, que trata desses crimes. Definem os juristas que ele se configura pelo cumprimento de quatro premissas: 1) obter vantagem ilícita mediante 2) prejuízo a outra pessoa, 3) usando esquema que 4) instigue alguém a errar.

Veja mais: O que é estelionato

Já se disse que estatística é uma ciência que, mal empregada, permite ao estatístico colocar a cabeça no forno e os pés no congelador, obtendo uma agradável temperatura média.

Mas, até que ponto esse resultado impróprio – por desconsiderar técnicas apropriadas de apuração e tratamento dos dados –, é fruto de falha involuntária, de engano ou falta de percepção de situações que afetam o resultado?

Ou é algo proposital, como em certas estatísticas ‘fabricadas’ propositalmente para atingir um objetivo previamente definido (provar que um candidato seria visto pelo público votante como o melhor para ocupar um cargo político)?

Veja mais: SÃO TODOS IGUAIS. Na falta de obra, José Serra, acredite, inaugura maquete

Da mesma forma, formular promessas inexequíveis é outro modo de enganar o eleitor desatento, o público menos informado. A propósito, o chamado ‘estelionato eleitoral’ infelizmente não se enquadra no artigo 171.

Quase completando um século, desde o projeto que incluia a passagem de bondes pelo túnel submarino, a ideia da ligação seca entre Santos e Guarujá continua indefinida. Mudando de cor (!), para melhor se aproximar do público-alvo, o governo paulista – que em 2010 (sob José Serra) inaugurou em período eleitoral a maquete da ponte estaiada – agora (na gestão Tarcísio de Freitas) prepara a construção de um túnel no mesmo local.

Veja mais: Túnel Santos-Guarujá: Avanços e Desafios à Vista - Portogente

As autoridades têm foto, têm maquete, têm debate, têm promessa, mas não têm estudo completo que embase a obra (ponte ou túnel) e sua plena viabilidade, analisando tantos aspectos controvertidos (urbanos, ambientais, do tráfego marítimo, dos acessos etc.). E, como previmos em agosto, o que era para ocorrer em dezembro de 2024 - a contratação da concessionária para a obra - já passou para meados de 2025.

Veja mais: Estudo de Impacto Ambiental cita 717 desapropriações no Guarujá em razão do túnel

Desta forma, destacada em cada eleição (municipal, estadual ou federal), a ligação seca continua sem sair do papel, configurando engodo ao eleitor em moldes bem parecidos com o do estelionato. Antes das eleições, só certezas: datas de início e término da obra, traçado, recursos, viabilidade, tempo de concessão das instalações... sabe-se até o valor do pedágio que será cobrado para trafegar por essa ligação (R$ 6,15 em cada sentido!).

Veja mais: Possível valor do pedágio do túnel Santos/Guarujá é anunciado; confira

Depois, só dúvidas, com calibre suficiente para ir adiando tudo para as calendas. Principalmente se a Imprensa encontrar provas de que projetos defendidos por autoridades estão superfaturados (o túnel santista foi orçado em 2011, por metro de extensão, em mais de quatro vezes o valor do Eurotúnel ou 16 vezes o da ponte chinesa sobre o mar em Qingdao, a mais longa do mundo)... ou de que existiriam cartas marcadas para as licitações (o que seria uma grande novidade neste país...)

Veja mais: Túnel bilionário de Alckmin é o mais caro do planeta. Dá para ser mais barato, governador?

Lembram das premissas citadas acima? Esta situação indefinida...: 1) beneficia a autoridade com os votos de quem nela acredita; 2) prejudica a população (pois o tempo perdido, os consultores e seus projetos sem rumo são pagos por nós); 3) tem conceitos enviesados, estatísticas que não consideram plenamente o tema proposto; 4) impede ou dificulta que pessoas e empresários planejem suas atividades, comprem e vendem imóveis etc.

Veja mais: Túnel Santos-Guarujá: Estado quer pagar só um quarto do valor dos imóveis desapropriados

Deixemos que os leitores concluam se tudo isso é proposital, feito de caso pensado, ou apenas mais um efeito do emburrecimento nacional, pela falta de pessoas com escolarização funcional, que saibam minimamente contar, ler, raciocinar, avaliar, planejar e executar as ações necessárias ao crescimento do Brasil.

Veja só: com as obras já em fase de contratação, descobre-se que o traçado do túnel simplesmente atropela um programa de moradias da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Guarujá. E aí, como fica?

Que cada um tire suas próprias conclusões desse imbróglio secular, já que pelo menos os leitores fiéis de Portogente, com certeza, conservam intacta essa capacidade de raciocinar...

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