Desta vez o empresário Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, se debruça na questão da livre concorrência entre os países. Segundo ele, o Brasil é tido "como uma das nações comercialmente mais fechadas", por isso, defende, o País "precisa abrir o seu mercado e assinar o maior número possível de acordos de livre-comércio". Com isso, acredita Lourenço, conseguirá aumentar a sua participação no comércio internacional, hoje limitada a apenas 1,2% de tudo o que se compra e vende no planeta.
Todavia, prossegue o executivo, "o problema é saber como fazer essa abertura: de supetão, iniciando-se um novo ciclo de redução de tarifas de importação, como se deu ao início da década de 1990, ao tempo do governo Collor, ou de maneira lenta, segura e g radual, para se repetir aqui um axioma famoso na época do regime militar (1964-1985)?".
Leia também
* Tudo a ver com o WebSummit "Nova abertura dos portos brasileiros"
Ele ventila que "a equipe que trabalha para organizar o governo que assume a partir de 1º de janeiro de 2019 vem preparando um plano para formatar essa abertura, mas não se conhece detalhes desse estudo". Apenas se sabe, argumenta, que existe um estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, que prevê, de imediato, com a abertura comercial, desemprego para cerca de 3 milhões de trabalhadores, que viriam a se somar ao atual contingente de cerca de 13 milhões. "Obviamente, esse cenário é alarmante, pois pode levar o País a uma situação de caos social de que já se sente os primeiros sinais."
Portopédia
* Globalização
Lourenço explica que a livre-entrada de produtos estrangeiros no mercado nacional, segundo o estudo, levará ao fechamento de fábricas, principalmente nos segmentos de couro, vestuário, automóveis, sistemas automotivos e bens de capital, setores que são muitos protegidos por alíquotas altas e benefícios fiscais. "Como se sabe, muitos desses setores estão protegidos por imposto de importação de até 35%, que é a alíquota máxima permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC)", pontua.
O empresário adverte: "Seja como for, não se pode aceitar que a liberalização do mercado seja feita em ritmo acelerado. Até porque a culpa pela falta de competitividade do produto brasileiro não pode ser atribuída aos empresários, mas em grande parte ao chamado custo Brasil – infraestrutura precária, burocracia aduaneira em excesso, carga tributária alta, câmbio defasado –, responsável por 30% do custo de produção nacional."