Faltando 10 dias para as eleições, os números das pesquisas apontam que haverá segundo turno e nele estarão Bolsonaro e Haddad. Porém, a intensa e repentina movimentação de preferências não possibilitou, ainda, antever o quadro de apoios dos candidatos superados. Decerto nos 21 dias de debate entre os dois candidatos, violência vai ser tema quente.
São alarmantes os dados mostrados por Marcos Guilherme Cunha, diretor da Transvip Brasil, transportadora de valores e cargas especiais, sobre roubo de cargas e falta de segurança nas estradas. No Estado de São Paulo, só na região de Piracicaba aumentou 160% os casos de roubo de cargas, principalmente pelo fato de que na próxima Limeira (62km) houve 12 ocorrências em 2018 contra duas no ano passado.
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Sempre no Rio de Janeiro, entre 2003 e 2017, a média de roubos de carga nos meses de fevereiro e junho foi de 33,5 registros, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. O que seria impensável, no ano de 2018 e no mesmo período, foram registrados 200 roubos de carga na área, o que significa aumento de 497%, o maior valor já registrado pela região na série histórica.
Marcos Cunha aponta a necessidade de ser debatida a fragilidade do sistema de segurança pública. No entanto, quando se inclui nessa matriz a quantidade de cocaina apreendida nos portos, fica mais complexa a abordagem desse debate. Foram 16,7 toneladas de cocaina aprendidas no Porto de Santos nos últimos 12 meses, superando as 11,3 toneladas em 2017 e 10,6 toneladas em 2016, conforme a Receita Federal e Polícia Federal. E aí são inevitáveis duas perguntas. Por que é mantida essa rota da droga com tamanhas aprensões? A resposta óbvia seria que ela ainda é lucrativa. É possível dissociar esse tráfico e os roubos de carga, ou ambos são negócios das mesmas cadeias logísticas e das mesmas quadrilhas?
A quantidade de cocaina aprendida este ano no Porto de Santos (SP) tem um valor de mercado de 2,03 bilhões de dólares (R$ 8,06 bilhões). O fato de um helicóptero da empresa do deputado e filho do senador Perrella ter sido flagrado pela Polícia Federal transportando 445 quilos de cocaina (US$ 694 mihões ou R$ 2,82 bilhões) demonstra, com evidências numérica e estrutual, que a solução do problema é por demais intricada. Como se percebe, ela vai muito além da mera sugestão de Marcos Cunha ou de armar a população.
Com a palavra os dois presidenciáveis.