Voltamos ao tempo de Monteiro Lobato, que proclamou a célebre frase "O petróleo é nosso" para defender a soberania nacional na base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão. Ela vem sendo negociada para uso do programa espacial norte-americano. Levando em conta a importância estratégica que envolve essa pretensão, a falta de credibilidade nacional do governo Temer descredencia-o para tratar de assunto tão espinhoso e importante.
Foto: Agência Brasil/Ministério da Defesa.
Quando os russos colocaram seu primeiro satélite em torno da Terra com a cachorrinha Laika, o presidente americano Lyndon Baines Johnson surpreendeu o país com a determinação repentina de impulsionar o programa espacial dos Estados Unidos. Não era a cadelinha que o preocupava, mas o domínio do espaço pelos soviéticos.
Por sua posição geográfica junto à linha do Equador, onde é maior a velocidade de rotação da Terra, Alcântara tem vantagem competitiva para lançar foguetes com menor consumo de combustível. Os programas espaciais envolvem segredos científicos avançados, propriedade intelectual, estratégias comercial e de poder complexas. No entanto, e sem histórico científico, o ministro Aloysio Nunes anuncia que ”vamos começar rapidamente e há disposição política de se chegar a um acordo”.
Com certeza um assunto desse não se justifica com os aluguéis mensais que o Brasil pode auferir no acordo com os Estados Unidos. Caso seja isso que anima o ministro das Relações Exteriores do Brasil a tratar um questão de soberania nacional como um negócio da China, ele vai cometer mais um fiasco na função que exerce.
Qualquer país com programa espacial tem interesse em fazer o lançamento dos seus foguetes em Alcântara. Seria o caso, para dar maior transparência à negociação do arrendamento, de realizar uma licitação internacional. Isso seria equivalente a arrendarmos as nossas Forças Armadas; não se decide com metodologia de fluxo de caixa de um estabelecimento comercial.
A independência do Brasil é inegociável.